_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Encruzilhada afegã

As eleições presidenciais antecipam uma era incerta que culminará com a retirada da OTAN

As eleições de hoje no Afeganistão para substituir o presidente Karzai depois de 12 anos –que vão requerer segundo turno se nenhum dos candidatos obtiver mais de 50% dos votos– suscitam entre os afegãos a esperança de que algo substancial possa melhorar. E antecipam o temor de que a anunciada retirada no final do ano dos 50.000 soldados da OTAN desemboque em uma guerra civil. As eleições, mesmo que não sejam desfiguradas pelo terrorismo taliban e a fraude –como a orquestrada pelo corrupto Karzai em sua reeleição de 2009– serão somente um passo para um país acostumado a ser peão do grande jogo geopolítico.

O Ocidente não foi capaz de contribuir com uma solução política e militar no Afeganistão depois de muitos anos de sangue (milhares de soldados e civis mortos) e gastos exorbitantes. A tentativa de impor uma Constituição democrática a um país multiétnico e visceralmente tribal não funcionou. E ignorou-se que não se pode derrotar um inimigo que dispõe de um santuário fronteiriço, neste caso, o poderoso e decisivo Paquistão. O que começou em 2001 com Washington decidido a impor um castigo histórico pelo 11 de Setembro acaba com os EUA e seus aliados debilitados e divididos. Ninguém pode garantir que o país centro-asiático não volte a se transformar no paraíso do terrorismo islamita.

As realidades desse cenário se impõem às figuras dos candidatos à presidência. As diferenças entre Abdullah, oposicionista e teórico favorito, Ashraf Ghani e Zalmay Rassoul (o preferido de Karzai para cuidar de seus interesses) – todos estiveram em altos cargos governamentais – estão relativizadas pelos fatos. No Afeganistão persistem rivalidades políticas inconciliáveis; a pressão taliban é maior do que nunca; e a dependência de ajuda econômica externa, que se reduzirá drasticamente com a saída da OTAN, é decisiva para evitar o colapso de Cabul.

Editoriais anteriores

O país que as tropas lideradas pelos EUA deixarão –em uma retirada que não é a culminação de um objetivo, mas a certificação de um fracasso— é um Estado cambaleante, onde as conquistas da intervenção não foram nem remotamente proporcionais ao esforço. Mesmo que o novo presidente assine com Obama o acordo que Karzai recusou para manter a presença de alguns milhares de soldados da OTAN, é mais que improvável que o Exército afegão, que perde por deserção mais homens que os que recruta, seja capaz de frear a explosiva insurgência fundamentalista.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

¿Tienes una suscripción de empresa? Accede aquí para contratar más cuentas.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_