_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

O tudo ou nada de Putin

Europa e EUA devem responder com firmeza à ameaça russa de usar a força na Ucrânia

Em horas, a situação na Ucrânia evoluiu até o borde do confronto armado, como se temia, tendo a estratégica península de Crimeia como detonante. Quem acreditava na boa vontade de Vladimir Putin para cooperar na desativação da crise galopante recebeu a resposta ontem, com a aprovação parlamentar às pressas do pedido do presidente para dispersar tropas na Ucrânia. A atitude formalmente beligerante do Kremlin foi anunciada por movimentos militares incomuns na Crimeia nas jornadas seguintes, com a ocupação armada do Parlamento regional, da televisão estatal e os pontos de telecomunicações.

Kiev anunciou que não se deixará levar pelas provocações de Moscou. Em uma situação como a atual, no entanto, que levou à convocação urgente do Conselho de Segurança, o nascente Governo interino da Ucrânia tem recursos mais que limitados para responder à escalada russa, de movimentos minuciosamente calculados. A aprovação em Moscou do envio de tropas coincidia com manifestações pró-Rússia em cidades do leste e do sul da Ucrânia.

Apenas desde a mais irreal das suposições poderia ser pensado que Putin fosse entregar a Ucrânia sem briga. À margem da humilhação pessoal e do aviso político que supõe uma revolução democrática triunfante muito próxima a Moscou, o neo-imperial projeto euroasiático do presidente russo é uma casca vazia sem a Ucrânia.

Editoriais anteriores

Em longas e apaziguadoras conversas com Obama e Merkel, Putin assegurou que não recorreria à força. A repetição da imperial invasão de Georgia em 2008 não cabe agora. O Kremlin prefere disfarçar seu anúncio de intervenção —“estabilizadora”, segundo a Duma— como resposta ao pedido de ajuda do flamejante primeiro-ministro pró-Rússia de Crimeia, que Kiev não reconhece.

O presidente russo, que provavelmente associa a nova situação com a tepidez da Europa e dos EUA em relação à Georgia, decidiu pôr à prova a resposta de Kiev e do Ocidente. A advertência genérica de Obama sobre as consequências de uma intervenção não parece ter impressionado a um Putin acostumado a fazer sua vontade impunemente em outros palcos críticos, como Síria.

A União Europeia e Washington têm opções limitadas para responder à força russa na Ucrânia. Essas opções iniciais, que para serem críveis exigem um ataque sem fissuras, deveriam abarcar desde severas multas econômicas à revisão do status de Moscou nas mais relevantes instituições comerciais e econômicas internacionais. E têm de fazer isso imediatamente para afetar uma Rússia vulnerável política e economicamente. Putin deve receber um aviso solene de que suas tentativas para desestabilizar a emergente democracia em Kiev ou forçar a secessão receberão uma acertada e robusta resposta das potências ocidentais. Está em jogo até mesmo a paz na Europa.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_