_
_
_
_

A América Latina já contribui com dois terços do lucro bruto do grupo PRISA

A companhia destina 2,7 bilhões para cobrir a deterioração dos ativos da DTS O faturamento melhorou 2,3%, chegando a 8,72 bilhões, com uma contribuição de 67,5% vinda de fora da Espanha O grupo registra prejuízos contábeis de 2,1 bilhões pelo fundo de comércio do Canal+

A América Latina se tornou a principal fonte de lucro operacional do PRISA, grupo que edita o EL PAÍS. A empresa obtém crescimentos muito sólidos em moeda local em todos os países, tanto em educação como em rádio, mas sofre um impacto negativo pela evolução das taxas de câmbios. Apesar disso, a região já gera 67,5% do lucro operacional bruto, conforme anunciou a empresa ao comunicar seus resultados anuais.

A companhia apresentou resultados depurados de efeitos extraordinários. Com esses ajustes, o faturamento por sua atividade cresceu 1,8%, chegando a 8,67 bilhões de reais, e o resultado líquido foi um prejuízo de 274 milhões de reais, frente aos 41,4 milhões do ano anterior sem extraordinários. O faturamento cresceu 2,3% em 2013 graças ao bom desempenho nos itens “faturamento de assinantes de outras operadoras” (+138%) e “faturamento publicitário na América Latina” (+2,8%), que conseguiram compensar a debilidade do faturamento em educação (0,0%), assinantes de TV via satélite (-4,0%), publicidade na Espanha e Portugal (-4,0%, apesar da melhora no terceiro e quarto trimestres) e circulação (em imprensa).

O PRISA sofreu em 2013 um prejuízo de 2,1 bilhões de reais após uma provisão contábil de 2,7 bilhões (sem efeito em caixa) para cobrir a deterioração do fundo de comércio do Canal+. Conforme informou a companhia, isto se explica pela elevação do IVA (imposto sobre valor agregado) na atividade de TV paga, de 8% para 21%, pelo complicado ambiente econômico e, já na segunda metade do exercício, pelas mudanças na estratégia de certos concorrentes quanto à aquisição de conteúdos e a integração e subvenção da TV paga em sua oferta de serviços, fatores que provocaram uma queda na base de assinantes.

Como o novo modelo de exploração dos direitos de futebol dificulta a análise da evolução dos resultados, também foram publicadas as cifras ajustadas de extraordinários sem o Canal+. Com elas, o faturamento pela atividade cai 3,1%, ficando em 4,95 bilhões; o resultado bruto pela atividade cai 2,1%, para 931,2 milhões, e o lucro líquido cai 11,3%, ficando em 420,2 milhões. A publicidade foi melhorando durante o ano, inclusive na Espanha e Portugal. Todos os custos operacionais caíram, exceto os direitos de futebol. Destaca-se o corte de 121,6 milhões de reais em custos com pessoal.

Áreas de negócio

O faturamento no Santillana (2,36 bilhões de reais) se mantém praticamente estável (0,6%) por causa do impacto cambial negativo. A uma taxa de juros constante, o faturamento cresce 10,8%. Destaca-se o crescimento do faturamento de Sistemas de Ensino Digitais. O faturamento do Sistema UNO cresceu 61,3% no ano de 2013. A América Latina registrou um aumento de 4,1% (17,2% a taxa cambial constante) no faturamento, destacando-se a evolução da Colômbia (21,9%), México (6,1%) Equador (9,2%) e Argentina (6,9%). No Brasil (12,3%) é importante o impacto negativo da taxa de câmbio (a valores constantes, o faturamento do Brasil cresce 31,3%, e o EBITDA, 25,1%). A Espanha teve queda de 11,8%; seu faturamento com a educação tradicional foi reduzido em 12,9%, pela fraqueza da campanha educacional num ano em que há poucas novidades. O setor de Edições Gerais reduziu seu faturamento em 5,8%.

O EBITDA ajustado da área de Educação atingiu 554,9 milhões de reais, 7,3% a menos. A uma taxa cambial constante, o EBITDA aumenta 4%.

Em Rádio, o faturamento (1,1 bilhão de reais) se mantém estável (0,1%) com relação a 2012, devido principalmente à menor publicidade na Espanha (-5,0%) e à melhora da publicidade na América Latina (3,4%), com destaque para Colômbia (3,1%), Chile (4,2%) e México (13,0%). É notável a melhora no faturamento publicitário no decorrer do ano de 2013, especialmente no quarto trimestre. O faturamento procedente da América Latina representa 44% do total. O EBITDA de Rádio alcançou em 2013 os 175,3 milhões de reais (0,8%), dos quais 91% procederam da América Latina.

Em Imprensa, o faturamento (904 milhões de reais) cai 10,2%, tanto pela debilidade da publicidade (-4,0%), que apresentou uma melhora no terceiro e quarto trimestres do ano, como pela queda da circulação (-16,3%). O faturamento com publicidade digital cresceu 15,3% no ano e já representa 25,5% do total de faturamento publicitário recorrente da divisão. Cabe destacar o bom desempenho de novas linhas de negócio, como os patrocínios obtidos na organização de eventos. O grande esforço no controle e redução de custos faz com que o EBITDA ajustado suba para 80,26 milhões de reais (61,9%). A participação de mercado do EL PAÍS subiu para 31%.

O faturamento da Media Capital (581,5 milhões de reais) teve queda de 1,4%, impactado pela redução de 7,4% na publicidade (embora se observe uma melhora no terceiro e quarto trimestres do ano, com uma queda de 0,4% e um crescimento de 3,2%, respectivamente, comparado a quedas de 11,6% e de 19% no primeiro e segundo trimestre do ano, respectivamente), e o EBITDA recorrente (131,2 milhões de reais) reduziu-se em 4,0%, com um impacto positivo da sua estratégia de diversificação e do importante esforço de controle de custos que a companhia realizou. A TVI mantém a liderança no período de 24 horas e no horário nobre, alcançando audiências médias diárias de 24,6% e 27,7% respectivamente.

Na TV paga (Canal+), o faturamento subiu para 3,73 bilhões de reais (alta de 9,2%), mas o EBITDA recorrente ficou em 104 milhões de reais (-82,1%), por causa do novo modelo de exploração do futebol. Houve no ano uma redução líquida de 99.179 novos assinantes. No quarto trimestre, a adesão líquida à base de assinantes teve queda de 12.895, embora o Canal+ tenha aumentado sua fatia de mercado (44,3% no 4º.T, contra 42,5% no 4º.T de 2012).

A publicidade digital mostra um crescimento de 10,0% em 2013, frente a uma queda de 2,5% do mercado em geral. Em 2013, a média de visitantes únicos dos diversos sites do grupo atingiu 83,7 milhões (17% de alta), ressaltando-se o crescimento do ElPais.com, Rádio internacional e As.com.

Refinanciamento da dívida

O PRISA observa que em 2013 “realizou um complicado processo” de refinanciamento da dívida, o qual conseguiu alinhar os interesses de acionistas, credores e investidores institucionais. Com isso, acrescenta, conseguiu “uma estrutura de capital adequada em médio prazo para a companhia, eliminando a pressão financeira causada pelo pagamento de juros e alinhando melhor a dívida com a geração de caixa das diversas unidades de negócio”. O volume depois das mudanças é de 10,49 bilhões de reais.

Isso também permite à companhia “manter um perímetro de ativos coerente: com exposição a regiões e negócios com crescimento e geração de caixa, e preservando as sinergias operacionais”. Ao mesmo tempo, consegue “tempo e flexibilidade financeira para poder tomar decisões com tranquilidade”.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_