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Alierta adverte que em breve empresas como o Google serão regulamentadas

O presidente da Telefónica ironiza os planos humanitários de Zuckerberg O grupo confirma seu interesse na Digital Plus

Ramón Muñoz
Alierta momentos antes da coletiva de imprensa.
Alierta momentos antes da coletiva de imprensa.Kike Para

O presidente da Telefónica, César Alierta, considera que o atual sistema regulatório não serve, porque foi criado quando todo o tráfego das redes era por voz e o tráfego de dados quase não existia. Por isso, anunciou ele nesta quinta-feira, as normas são assimétricas e regulam apenas os operadores, enquanto os novos atores do mundo digital, os chamados OTT ("over the top", ou "enormes"), como Google, Facebook ou WhatsApp, ficam à margem de qualquer sistema regulatório.

O principal executivo da Telefónica mostrou-se convencido de que "em breve" esta situação vai mudar na Europa e na América Latina, porque caso contrário será impossível implantar a nova era digital. Alierta comparou ambos os players: enquanto as operadoras tradicionais investiram 193 bilhões de reais em 2013, dão emprego para 1,5 milhão de trabalhadores e pagam "muitos impostos", as OTT investiram 96 milhões de reais, têm apenas 20.000 funcionários e não pagam impostos.

Alierta sublinhou o papel dos operadores como veículos da digitalização porque são eles "que conectam as pessoas". "Se eles afirmam que vão digitalizar a Europa com 30 milhões de euros [96,3 milhões de reais], que maravilha, porque a Telefónica se prepara", acrescentou.

Embora sem citar expressamente o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, o presidente da multinacional espanhola ironizou seu projeto Internet.org, que pretende conectar 5 bilhões de pessoas que não dispõem de internet. "É magnífico que afirmem que vão conectar o Terceiro Mundo, mas quem vai fazer as conexões? Porque se em Zâmbia e em Uganda for preciso instalar as conexões, será o operador de lá que fará isso."

Mudança de organograma

Alierta, que convocou uma coletiva de imprensa para apresentar a nova organização, indicou que esta estrutura pretende dar rentabilidade ao tráfego de dados e aos serviços digitais. O executivo também acrescentou que as mudanças vão ajudar a aumentar a eficiência, já que os países irão responder diretamente ao executivo-chefe, de forma que as decisões possam ser adotadas mais rapidamente.

Ao responder se a empresa sente-se novamente como uma companhia espanhola, Alierta afirmou que a Telefónica é latino-americana e europeia. "Embora estejamos encantados de que a sede social esteja na Espanha", destacou. O executivo voltou a mostrar confiança na economia espanhola, que terá dois anos de crescimento, como já se nota na recuperação do consumo.

A companhia fixou como metas financeiras reduzir a dívida para menos de 43 bilhões de euros (cerca de 130 bilhões de reais), a venda de ativos não-estratégicos e o reforço das operações em países fortes (entre eles, o México) e o pagamento de dividendos aos acionistas com a introdução da remuneração em ações com caráter voluntário.

Digital Plus

O executivo-chefe da Telefónica, José María Álvarez-Pallete, confirmou que a companhia está interessada no potencial processo de venda da parte majoritária da Digital Plus, embora tenha destacado que existem mais candidatos nesse processo, por isso o destino do canal pago é "incerto". O grupo PRISA (editor de EL PAÍS) detém 56% da plataforma, e a Telefónica e Medisaset, 22% cada.

O segundo no comando da Telefónica lembrou que a televisão é uma prioridade para o grupo, como demonstrou com a compra dos direitos de grandes eventos como a Fórmula 1 e o Mundial de Motociclismo. "Estamos fazendo grandes esforços de compra de conteúdo, e tremendamente atentos em relação à TV paga e Digital Plus, mas neste processo não estamos sozinhos, há outras alternativas, e o que vai acontecer é incerto", disse.

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