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DÉCIMO ANIVERSÁRIO DA REDE SOCIAL

Mike Matas, o jovem por trás do Paper

O autor do aplicativo do Facebook trabalhou com Steve Jobs e criou uma aplicação para Al Gore

Mike Matas, no centro, junto à equipe de Push Pop Press.
Mike Matas, no centro, junto à equipe de Push Pop Press.R. J. C.

O encontro é em um café de San Francisco onde vendem acessórios para bicicletas e sanduíches orgânicos, el Mojo. Com uma caneca de café com leite vai detalhando seu próximo trabalho, Push Pop Press, a primeira aplicação de leitura para iPhone e iPad que simula um livro. Era fevereiro de 2011.

O trabalho de Mike Matas (Seattle, 1986) assombrou assim que publicou o livro para para frear a mudança climática de Al Gore para iPad. Um mês depois a Apple destacou a Push Pop Press como a melhor aplicação do ano.

Já se passaram três anos e Matas não trabalha gratuitamente, nem para a Apple. Trabalha para o Facebook. Ele agora é o autor de Paper, a aplicação estrela que o Facebook acaba de lançar em razão de seu décimo aniversário; mas voltemos atrás.

Steve Jobs, no centro, jogando com o Photobooth criado por Matas, à direita, em 2005.
Steve Jobs, no centro, jogando com o Photobooth criado por Matas, à direita, em 2005.

Meia hora após o café com leite, Matas, descendente de gregos, sugere visitar seu escritório. De novo, rompe esquemas. Seu local de trabalho é outro café, o Oakside Café; na parte de cima trabalha com dois colegas, os cofundadores Kimon Tsinteris, ex-Apple, e Austin Sarner. "O espaço é muito caro em San Francisco, a gente vem aqui diariamente e para os donos basta apenas que consuma cafés e lanches. Assim parece que sempre há alguém no local", explicava com um sorriso.

Aos 19 anos, ao terminar o equivalente ao ensino médio no Brasil, Matas foi contratado pela Apple. Entrou diretamente no departamento de design de interface humana. Soava enigmático, e o era até que começaram a se notar as mudanças. A noite em que Steve Jobs morreu, Matas lembrava como, sendo um menino, lhe confiou a interface do Photobooth e como o gênio lhe revisava pessoalmente o trabalho porque na época ele ainda era quase um estagiário.

Oficialmente, era designer do Mac OS X, o sistema operacional de computadores. Depois passou a uma equipe ainda mais misteriosa, a de interação tátil. Daí nasceu o iPhone (2007) e depois o iPad (2010). "O que você vê quando liga o celular, a grade com os ícones, a forma do menu, tudo isso nós criamos. Queríamos que fosse mais simples e claro que qualquer outra interface,", enfatiza.

Não botou os pés na universidade. "Não tenho nada contra, mas acho que ainda não há matéria que ensine os avanços de interação que estamos vivendo", argumentava.

Em agosto de 2011, o Facebook comprou sua empresa Push Pop Press por uma quantidade que nenhuma das partes tornou pública. Desde então, tem trabalhado em melhorar a interação. Com a caneca na mão, enfatiza sua obsessão: "Não entendo por que há que reaprender o uso de coisas. Trata-se de fazer da maneira mais natural, como quando passas as páginas de um livro no mundo real".

Quando foi contratado pela rede social tinha na cabeça Paper. Era lento, mas sim, desde a segunda-feira é a melhor maneira de consultar as notícias de Facebook para seus 1.230 milhões de usuários.

Não está sozinho em Paper. Completam a equipe Sharon Hwang (sua namorada), Zhisheng Huang, Justin Pasqualini, Michael Reckhow, Jason Barrett Prado, Kimon Tsinteris, Andrew Pouliot, Tim Omernick, Scott Goodson, Maddie Boyd, Ben Cunningham, Grant Paul, Brian Amerige, Brandon Walkin, Allen Williams e Li Tan. O casal explica à revista especializada em design Refinery 29 a filosofia por trás de Paper: "O Facebook não só oferece um conteúdo muito rico, mas também uma relação. Para além de mapas, textos mais ou menos longos, fotos ou vídeos, o desafio é vê-lo como um todo e para uma rede interativa".

Nem tudo são elogios, Paper chega com polêmica. Só funciona nos Estados Unidos e para os iPhone. Esperava-se que, ao menos, oferecesse uma experiência similar no iPad, mas fica em uma mera versão alargada, não é criada para o formato grande. Por outro lado, só serve para ver Facebook. Podem ser consultadas notícias, claro, sempre que se siga os meios que as forneçam. O mesmo com conteúdos de marcas. Neste aspecto está em desvantagem se for comparado com Flipboard ou Circa.

É um suplemento para o Facebook salvo por um detalhe, não há eventos. Poderemos felicitar o aniversário a um amigo, mas não dizer se se assistirá à celebração.

Este não é o único problema. Já existe uma aplicação com o mesmo nome, criada pelo estúdio 53 e destacada em 2012 pela Apple como o aplicativo do ano. Na ocasião também foi inovadora, simulava uma tela e diversos pincéis, texturas e tipos de materiais para pintar no iPad.

De Marrakech a Barcelona

Em setembro de 2010, Matas foi de férias com sua namorada Sharon Hwanc à outra parte do mundo. Da Califórnia ao Marrocos e terminou acabando na Espanha.

"Estivemos em Marrocos, Andaluzia, Madri e Barcelona", contava enquanto acrescentava maravilhas do trem espanhol de alta velocidade.

Como se vê nas imagens, o primeiro iPad foi o colega de ambos, ainda um tablet pesado e sem câmera.

A viagem de duas semanas ficou condensado em mais de 4.000 imagens realizadas com sua Canon 5D Mark II, com sete lentes diferentes que editou em um vídeo de dois minutos.

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