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A economia dos EUA modera o crescimento em 2013 e avança 1,9%

O efeito do aumento da austeridade cobra seu preço à maior economia do mundo O resultado destoa do PIB de 2012, quando o país cresceu 2,8%

A Bolsa de Nova York, em 2010.
A Bolsa de Nova York, em 2010. LUCAS JACKSON (REUTERS)

O crescimento dos Estados Unidos desacelerou durante os três últimos meses do ano a uma taxa anualizada de 3,2% do produto interno bruto. É quase um ponto a menos do que no terceiro trimestre, que foi bem mais robusto que o esperado. Para o conjunto de 2013, a maior economia do mundo expandiu-se a um ritmo de apenas 1,9%, longe de seu potencial e longe dos 2,8% de 2012, em grande parte pelo efeito lastro da austeridade.

Trata-se da primeira leitura de um total de três, e o indicador pode ser revisado para cima ou para baixo. No terceiro trimestre, a expansão da economia norte-americana ficou em 4,1%, uma importante recuperação em frente ao 2,5% do segundo trimestre. Mas o crescimento do quarto trimestre era difícil de antecipar, por causa da cessação administrativa no início de outubro e o mau tempo.

O consenso de Wall Street era a espera de um crescimento de 3,3% durante os três últimos meses do ano, embora alguns analistas apostavam em até 4%. O que mais importava, em qualquer caso, não era tanto a cifra geral, mas sim o detalhe. O consumo, que é capaz de determinar um terço da economia, subiu 3,3%, o mais alto em três anos. A média depois do fim da recessão foi de 2,2%.

Isto poderia ser um reflexo de que os consumidores ajustaram suas finanças ao incremento dos impostos que entrou em vigor no início de 2013. Ao mesmo tempo, este indicador reflete o efeito positivo da contratação por parte das empresas. No ano passado, foram criados 2,2 milhões de empregos. O investimento em equipamento cresceu 6,9% no quatro trimestre, diante de apenas 0,2% no terceiro.

O consumo, que é capaz de determinar um terço da economia, é o mais alto em três anos

A balança comercial também deu um forte impulso com as importações crescendo 11,4% no trimestre, contra um crescimento de apenas 0,9% nas importações. O setor imobiliário foi um importante contribuinte ao crescimento depois de cair muito em 2011. Mas ao final do ano mostrou sinais de esgotamento, quando o investimento em novas construções caiu 9,8%.

O que fez de novo de lastro foi a despesa pública, que se contraiu 12,6%. O que não se esperava é que voltassem a subir os inventários, que já no terceiro trimestre representaram 40% da expansão. Esse detalhe é o que fez duvidar então sobre a fortaleza real da economia de EUA. Mesmo assim, os economistas concordam que a economia ganhou vigor na reta final de 2013.

Com este rendimento, a Reserva Federal sente-se com a liberdade de seguir adiante com a retirada dos estímulos à economia. Na véspera, o organismo presidido ainda por Ben Bernanke decidiu cortar em 10 bilhões de dólares o programa de compra de dívida, que agora fica reduzido a 65 bilhões mensais. A ideia é que ele esteja desmontado no final do ano.

Em sua análise da economia, o banco central deixou cair a palavra “moderado” do comunicado ao se referir ao crescimento, e fala de uma recuperação durante os últimos trimestres. Também assinala que continua a melhoria no mercado trabalhista, embora admite que uma taxa de desemprego próxima a 7% continua crescendo, por isso considera que o há de se manter o apoio.

Bernanke também repetiu diante dos legisladores em Washington que a política monetária não é a panaceia. Neste sentido, assinalou que a batalha fiscal e os recortes estavam prejudicando o crescimento dos EUA. O relatório de crescimento aponta o impacto negativo da austeridade. “A desaceleração no PIB de 2013 reflete a brusca queda da despesa pública”, diz.

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