“É ridiculamente complicado”
As esquipes acumulam problemas na estreia dos carros da nova F-1 em Jerez
As escuderias do campeonato mundial de Fórmula 1 se queixam há anos da limitação, para elas sem sentido, do número de dias de treinos para tentar reduzir os gastos. “É como se impedissem (o tenista espanhol) Rafa Nadal de treinar com a raquete”, disse várias vezes Fernando Alonso. Neste ano, com a tremenda agitação provocada pelo regulamento, a situação piorou ainda mais e as equipes mais fortes nem sequer estão a salvo das falhas dos carros novos.
Na segunda-feira, em Jerez, na estreia dos novos carros, a Red Bull apresentou seu novo RB10 às 8h da manhã e às 17h, quando a jornada havia terminado, Sebastian Vettel só tinha conseguido dar três voltas devido a um problema nas suspensões traseiras que forçou a equipe a desmontar todo o carro e voltar a configurá-lo. A McLaren foi ainda pior: a escuderia de Woking notificou no meio da manhã que não tinha planos de rodar com o MP4-29 “por causa de uma falha hidráulica e elétrica”. Sendo assim, a Ferrari foi a que melhor se deu bem no dia: em seu retorno à escuderia italiana, Kimi Raikkonen deu 31 voltas, o piloto que mais rodou e também o mais rápido de todos (1m 27s1), uma marca 6,5 segundos mais lenta do que Felipe Massa há justamente um ano.
São muitas mudanças de uma só vez, explica a Ferrari, que contará com o retorno de Raikkonen
“Fazer com que tudo funcione é ridiculamente complicado. São muitas mudanças de uma só vez”. A reflexão, neste caso, é do box da Ferrari, apesar de ser um sentimento compartilhado pelas outras equipes. A Mercedes teve que parar antes do tempo porque Lewis Hamilton bateu seu recém-estreado W05 contra a cerca ao soltar a asa dianteira. O britânico só pôde dar 18 voltas, três a mais que Vergne (Toro Rosso) e sete a mais do que Checo Pérez (Force India). No total, todos os carros completaram 93 voltas, bem abaixo das 656 voltas no primeiro dia do ano passado e de 698 voltas em 2012.
Uma nova era na F-1 começa marcada pela volta dos motores turbo, a introdução de limitações de diferentes calibres (aerodinâmicos e de combustível) e o aumento dos sistemas de recuperação de energia. Chega o ERS, um mecanismo que a partir de uma pressão maior do tubo alimenta outra turbina que gera eletricidade, que se armazena em baterias que abastecem um motor elétrico e que, combinado com o MGU-K ou antigo KERS (sistema de recuperação de energia cinética das frenagens), libera uma potência extra de 160 cavalos durante 33 segundos. E, antes que tudo se encaixe, cada vez que um sensor falha, tudo vem abaixo.
“Todos nós queremos rodar mais quilômetros, mas o que aconteceu é absolutamente normal se levarmos em conta a quantidade de mudanças que entraram em cena”, disse Raikkonen. “A coisa mais difícil é conseguir que tudo funcione ao mesmo e como você quiser”, acrescentou o finlandês, que na terça-feira voltou a usar o F14 T antes de entregar o bastão para Fernando Alonso nesta quarta-feira. “Os novos motores são um grande desafio, extremamente difíceis de instalar, porque existe um carregador do turbo, os intercoolers – ou dispositivo que resfria o ar que entra no turbo – a parte elétrica e tudo mais”, argumenta Adrian Newey, o gênio que projetou os carros que converteram a Red Bull em referência e Vettel em seu principal destaque. A temporada deste ano começa em 16 de março, em Melbourne, na Austrália, e por ora todos têm dúvidas.
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