_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Snowden na UE

O desafio do Parlamento Europeu é sintoma da desconfiança com relação à espionagem dos EUA

A decisão do Parlamento Europeu de ouvir Edward Snowden, ex-analista da Agência de Segurança Nacional dos EUA, é mais uma volta do parafuso em torno de um recorrente motivo de discórdia entre Washington e Bruxelas: a espionagem. A interceptação de dados por parte dos norte-americanos sempre maculou as relações bilaterais. Mas o caso Snowden elevou ainda mais a tensão, e a Eurocâmara volta a ser a instituição comunitária mais ativa a respeito.

Oferecer um palanque tão importante para um dos fugitivos mais procurados neste momento pela Administração norte-americana não é, à primeira vista, o melhor gesto de amizade por parte da União Europeia. Sobre isso alertou inflamadamente o congressista Mike Rogers, que acusa Snowden de ter colocado vidas em perigo. Mas esse político parece esquecer que os dados revelados pelo ex-analista expuseram o fato de que Washington espionou líderes europeus – entre eles, a chanceler Angela Merkel – dentro de uma disseminada prática que não levou em conta os estreitos laços de cooperação e amizade que unem Washington com a Europa. Laços que não foram suficientes para que a Administração de Obama tenha apresentado as devidas desculpas pelos abusos de seus serviços de inteligência.

É possível que dificuldades técnicas – Snowden não quer uma videoconferência ao vivo, que poderia permitir sua geolocalização – e a pressão do Partido Popular Europeu, majoritário no Parlamento da UE, afinal impeçam o depoimento acertado nesta semana pela Comissão de Liberdades. Mas é evidente que esse caso alimentou a desconfiança europeia em relação ao amigo norte-americano. Os protestos foram majoritariamente tíbios, mas o escândalo está turvando as negociações do tratado comercial UE-EUA, que se prenuncia como o maior do mundo, e o Parlamento Europeu tem direito de veto sobre o acordo buscado.

Obama prometeu revisar seu sistema de espionagem. A pressão interna de líderes de opinião e de empresas tecnológicas se faz notar, e há uma importante corrente de opinião interna a favor dessa revisão, cujos detalhes serão apresentados na próxima sexta-feira. Que após 43 anos os responsáveis por vazamentos de documentos do FBI tenham vindo à luz é algo que se inscreve nessa corrente social de defesa das liberdades individuais frente ao todo-poderoso Governo de Washington.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_