
Quatro brasileiros entre os cem personagens do ano de EL PAÍS
EL PAÍS SEMANAL apresenta uma seleção das personalidades ibero-americanas que marcaram 2013

Por Luiz Inácio Lula da Silva
Se eu tiver de escolher uma palavra para definir o caráter da presidenta Dilma Rousseff, esta palavra é coragem. Desde muito jovem esta companheira lutou para transformar o Brasil e melhorar a vida das camadas mais pobres. Foi perseguida, presa e torturada na ditadura, mas não abandonou seus ideais. Numa sociedade acostumada a ver sempre homens nas posições de comando, ela foi a primeira mulher secretária de Fazenda de sua cidade, a primeira ministra de Minas e Energia do Brasil, a primeira chefe da Casa Civil, a primeira presidenta. Em meu governo, ela reorganizou o setor de energia e levou eletricidade a 3 milhões de famílias no campo. Comandou o maior programa de infraestrutura de nossa época. Em seu governo, o país alcançou a marca de 36 milhões de pessoas resgatadas da miséria absoluta. Em meio à crise mundial, o Brasil da presidenta Dilma é o país de melhor desempenho no combate ao desemprego, que caiu a 5,2%. 2014 será um grande ano para o Brasil, não apenas pela realização da Copa do Mundo de Futebol. O país estará colhendo os frutos que a presidenta Dilma plantou: a exploração do petróleo do pré-sal, as concessões de aeroportos, rodovias e portos, os grandes investimentos em educação, saúde e saneamento. Será o ano do reconhecimento da seriedade e competência dessa corajosa mulher brasileira.
Uly Martín
Por Juan Arias
Aos 55 anos, Roberto Azevêdo se transformou no primeiro brasileiro e latinoamericano à frente da direção de um dos organismos econômicos mais estratégicos do mundo: a Organização Mundial do Comércio (OMC), que reúne 159 países. O sutil e hábil diplomata brasileiro entrou com o pé direito em seu novo cargo, e a OMC, que parecia paralisada, alcançou no final deste ano de 2013, o mérito indiscutível de fechar o primeiro acordo global das últimas duas décadas. Azevêdo chegou à presidência da OMC sem o apoio da velha Europa e sem o apoio aberto dos Estados Unidos. Foi eleito e indicado pelos países periféricos, os emergentes, que alguns já chamam do “Novo Mundo”. O Brasil, que começava a tropeçar em sua política exterior, tem conseguido se colocar em evidência mundial com Azevêdo. E com o Brasil, o continente latinoamericano, do qual é peça fundamental.
L. Macgregor (Reuters)
Por Alberto Chicote
Tive o privilégio de receber Alex Atala no que, então, era a minha cozinha, há alguns anos. Esperava encontrar um chef brilhante que estava transformando a gastronomía brasileira e que trazia dezenas de produtos e técnicas que não conhecíamos, nem eu e nem os demais cozinheiros da equipe. Quando ele chegou, descobri uma pessoa de talento, imaginação, conhecimentos e uma capacidade de desenvolvimento culinário fora de série. Durante o tempo que dividimos os meus fogões, descobrimos um profissional meticuloso, um amante da perfeição, um gestor de equipes maravilhoso, e um cozinheiro desses que se realizam com o trabalho bem feito a cada dia. Quando foi embora, percebi que havia descoberto um desses seres humanos capazes de alterar o rumo gastronômico de um país, que Alex é alguém com uma capacidade enorme de fascinar pelo seu modo de compreender a comida. Mais que tudo, encontrei a uma das melhores pessoas que conheço dentro deste ofício, um amigo.
Alberto Chicote é um chef espanhol, dono dos restaurantes Pandelujo e Nodo
Nelson Almeida (AFP)