Neymar dá a vitória ao Barça
A entrada de Xavi no segundo tempo reanima o Barcelona, que derrota (2 x 1) o Villareal com dois gols do atacante brasileiro
Depois de ser protagonista contra o Celtic, Neymar foi o autor de uma estimulante vitória para o Barça contra o Villareal. O desgaste psicológico da partida foi tamanho que a vitória se mostrou duplamente reconfortante para o Camp Nou. Os azuis-grenás precisaram de um amplo repertório para se contraporem a um adversário igualmente prejudicado por ausências, mas tão feroz quanto no empate contra o Real Madrid e o Atlético. O Barça custou a admitir sua superioridade, tanto que só reagiu na adversidade, quando recorreu a Xavi. Um instante do artista Xavi pesou mais do que o admirável desgaste realizado durante uma hora por Song, num confronto muito completo, que foi sério, tenso e disparatado no final.
Diante de uma partida exigente pela boa organização e posicionamento do Villareal, Martino respondeu com uma escalação inédita, até certo ponto compreensível pela presença de Bartra, titular à frente de Puyol e Mascherano, e surpreendente pela titularidade de Song como ponta, num sinal de que o técnico está interessado seguramente em que ele ganhe físico, em vez de estilo e versatilidade, características já personificadas em Xavi e Sergio Roberto. A formação azul-grená foi interpretada como uma declaração de respeito excessiva pelo rival, e, por outro lado, como um mau negócio para o Barcelona. O treinador precisou se corrigir durante o jogo. Xavi substituiu Song quando estava 1 x 1.
Embora não tenha fugido às responsabilidades exigidas de um favorito, e além do mais como mandante, o Barça careceu de jogo de cintura, mas se destacou na pressão e na recuperação, e também na estratégia: Song finalizou no poste um escanteio batido na trave direita de Asenjo. Não é fácil ganhar um metro, conseguir situações de superioridade nem armar um arremate contra o Villareal. É preciso tocar rápido e com categoria diante da zaga solidária dos rivais, e matar as jogadas para evitar as transições que culminam em Giovanni. Tenso, o Barça não aprofundava nem desequilibrava, distante da área. Precisava de um volante, e não de um duplo pivô. A bola, no entanto, não saía do campo do Villareal.
A falta de substância barcelonista acabou com meia hora de jogo, quando um inócuo cruzamento de Jordi Alba encontrou a mão de Mario, e o árbitro apitou pênalti, convertido por Neymar, que depois de ficar subordinado a Cesc, Iniesta e Xavi nas partidas anteriores se tornou protagonista neste sábado, aproveitando a confiança dada pelos três gols contra o Celtic. O cerimonial do camisa 11 antes do chute foi digno de um bom thriller, pela delicadeza com que pôs a bola na marca do pênalti, pela preparação do disparo, como se fosse bater um tiro livre no rúgbi, pela dupla paradinha que deslocou o goleiro e pelo engano final. Tanta liturgia e suspense só admitiam o gol ou o ridículo como resposta, e Neymar não falhou.
O gol desorientou o Villareal, e o Barcelona dispôs de um bom momento e de uma excelente ocasião para arrematar a partida por parte de Alexis, vencido e lento frente a Sergio Asenjo. O chileno não aproveitou, e Musacchio empatou na volta do intervalo, depois de ganhar o corpo-a-corpo contra Bartra e cabecear o primeiro escanteio do visitante no Camp Nou. De nada adiantou ao Barcelona ganhar altura com Song, porque as marcas se tornaram individuais; Bartra falhou, e Pinto tampouco resolveu. A partida por um momento virou para o lado do Villareal, até que Busquets começou a filtrar passes, Alexis continuava se livrando da marcação, e Xavi apareceu. O Barça voltou a ser reconhecível para o Camp Nou.
A velocidade da bola foi demais para o Villareal, um excelente grupo de jovens anônimos que Marcelino transformou em uma excelente equipe, mas carente de seus melhores jogadores, Bruno e Cani. A torcida se animou com a partida, e o 2 x 1 caiu como fruta madura na cobrança de um lateral: Cesc fez um cruzamento que foi interceptado para Alexis, e o chileno assistiu Neymar. Recuperada a ordem e o esquema tático, os azuis-grenás foram mais contínuos no seu futebol sempre vigoroso, circunstância meritória contra um adversário valente inclusive nas substituições, e sempre ameaçador. O intercâmbio de golpes finais foi emocionante nas duas áreas, sobretudo a do Villareal.
O Barcelona nunca rifou a bola, e jogou da mesma maneira na sua área e na do rival, para sofrimento da torcida, embora a equipe estivesse convencida de que a partida não lhe escaparia. Não houve outras queixas senão pelo quinto cartão dado a Neymar, que ficará suspenso contra o Getafe, uma notícia dolorosa pela ausência de Messi. Com paciência, no entanto, os azuis-grenás recuperaram o jogo, a confiança e uma vantagem de cinco pontos sobre o Real. Seu triunfo desta vez teve méritos pela qualidade tática do Villareal. O que se viu nesta noite foi uma partida excelente no Camp Nou, e o Barça sempre soube se colocar, sobretudo quando apareceu Xavi vindo do banco, reivindicando ser um pouco titular em cada encontro.
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