Dubai ganha de São Paulo a eleição para sediar a Expo 2020

Cidade dos Emirados Árabes é eleita para o evento que acontece entre 20 de outubro de 2020 e 10 de abril de 2021, com o tema 'Conectar mentes, criar o futuro'

Fogos artificiais na celebração pela eleição de Dubai para sede da Expo 2020.

Um estalo de alegria percorreu Dubai de ponta a ponta depois de divulgado o resultado da votação que deu a essa cidade a sede da Exposição Universal do ano de 2020. Gritos de alegria, foguetes e fogos artificiais celebraram o anúncio. Empresários e executivos se mostravam convencidos de que a eleição vai dar um grande impulso econômico a esta cidade, que aspira se transformar em um centro mundial de logística, transportes e comunicações. No entanto, nas ruas, muitos residentes estrangeiros expressavam seu temor de que a Expo 2020 provoque uma subida de preços e uma bolha imobiliária.

Durante meses, Dubai se  esforçou para demonstrar aos membros do Bureau Internacional de Exposições (BIE) e ao mundo, que oferece não só o projeto mais atraente, mas também o meio geográfico e humano perfeito para o evento: um cruzamento de caminhos onde convivem 200 nacionalidades. Ruas, muros e vitrines de lojas exibiam o logotipo da exposição.

Dubai competia nesta fase final com a cidade brasileira de São Paulo, a turca Esmirna e a russa Ekaterimburgo

Com o tema Conectar mentes, criar o futuro, o programa de Dubai 2020 gira em torno da sustentabilidade e da promessa de financiar projetos inovadores de energia solar e água potável que permitam estender esses serviços básicos às comunidades que necessitam. É chocante que a cidade do desperdício e do exagero, onde se levantou o edifício mais alto do mundo e a cada semana bate algum recorde do Guiness, se foque nas energias renováveis e na reciclagem. Mas nos últimos anos, esses assuntos ocupam as manchetes e esforços estão sendo feitos para avançar nessa direção.

Dubai competia nesta fase final com a cidade brasileira de São Paulo, a turca Esmirna e a russa Ekaterimburgo. Seu triunfo traz, pela primeira vez a esta parte do mundo, uma exposição universal.

“Qualquer que seja o resultado, Dubai se mostrou como uma cidade internacional à altura de outros países competidores que podem ter tradições e cultura mais antigas que as nossas; mas fizemos tudo o que pudemos”, declarou o ministro de Relações Exteriores do emirado, o sheik Abdullah, horas antes da votação.

Segundo o projeto apresentado por Dubai, a exposição estará praticamente vedada aos carros, graças a um ambicioso plano que inclui novas linhas de ônibus, conexões de metrô e um teleférico para transportar os visitantes dentro do recinto. O emirado não dispunha de transporte público digno desse nome até o ano de 2005 quando se lançaram os primeiros ônibus urbanos. Em 2009 inaugurou-se o metrô. Quando acabar o evento, o compromisso é transformar o local em um campus universitário e de centros de investigação.

As expectativas eram altas. Nove membros do Governo, encabeçados por Abdullah, tinham se deslocado a Paris para acompanhar o responsável pelo projeto Dubai Expo 2020, o sheik Ahmed Bin Said ao Maktum. Depois de se proclamar ganhadora, Dubai espera atrair 25 milhões de visitantes (atualmente recebe 10 milhões anuais) e se converter em um polo mundial de comunicações. Em meio às negociações, fala-se em investimentos bilionários e na criação de 270.000 postos de trabalho até 2020. Tudo isso na cidade onde vive metade dos 8,5 milhões de habitantes do país, sendo que 88% deles são estrangeiros.

Essa aparente anomalia é apresentada pelas autoridades de Dubai como um ponto forte: Até 200 nacionalidades diferentes convivem aqui, embora poucas vezes interajam ou se relacionem, a não ser no âmbito trabalhista. Mesmo assim, a possibilidade de encontrar trabalho atrai, tanto os operários sem qualificação do superpovoado subcontinente asiático, como os europeus que fogem da crise. Os salários não são o que eram, mas são pagos livres de impostos. Embora a maioria dos residentes estrangeiros tenha manifestado seu apoio à candidatura, muitos também expressam seu temor de que o evento encareça o custo da vida, em especial a morada.

“Uma das melhores coisas sobre Dubai é a sua capacidade de crescer e se expandir. Este emirado é bem mais do que uma cidade, ou um centro financeiro; é um local onde o desenvolvimento, a mudança e o progresso são parte do dia a dia. É esse espírito que converterá a Expo2020 em Dubai em um grande sucesso e espero muito que tenhamos a oportunidade de abrigar este evento tão significativo”, dizia pouco antes Amanda Line, sócia de PwC Academy e membro de The Capital Clube, um dos locais onde, ontem à noite, se celebrava a decisão do BIE com uma festa

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