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Prisão no ‘caso mensalão’ reabre a polêmica sobre cadeias no Brasil

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e vários juízes do Supremo Tribunal Federal reconhecem o lamentável estado das penitenciárias brasileiras

Juan Arias
O deputado José Genoino (de rosa) ao se apresentar à polícia
O deputado José Genoino (de rosa) ao se apresentar à políciaEliaria Andrade (EFE)

A prisão de vários políticos destacados do Partido dos Trabalhadores (PT) como José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares e de banqueiros como Kátia Rabello no complexo penitenciário de Papuda, em Brasília, reabriu a polêmica sobre o estado desastroso do sistema penal brasileiro, onde se amontoam mais de 540.000 presos, a maioria jovens negros.

Foi a primeira vez que um grupo de políticos, empresários e banqueiros ingressou em um cárcere sem privilégios, como um preso qualquer, dormiram em celas com chuveiros com água fria e comeram a mesma comida dos outros detentos. Alguns, como Genoino, ex-presidente do PT, passaram mal já na primeira noite e tiveram que ser atendidos por um médico; outros como a proprietária do Banco Rural, Rebello, caíram em uma forte depressão.

Aparentemente, o mais sortudo foi o ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, que fugiu para a Itália há seis semanas. Um dos juízes do Supremo Tribunal Federal que votou a favor de sua condenação, Marco Aurelio Mello, chegou a dizer que tinha que compreender a fuga de Pizzolatto, já que as nossas penitenciárias têm “condições desumanas”.

Outros ministros do STF como Gilmar Mendes e Luis Barroso aproveitaram as críticas dos condenados pelo caso mensalão sobre a situação no cárcere, para recordar que, só agora, com a  prisão dos políticos, surge o problema do penoso estado em que se encontram a maioria dos presos deste país.

Barroso chamou a atenção das autoridades e afirmou que o Governo é o responsável pela situação desumana dos presos brasileiros, onde a superlotação favorece a violência, uma violência que é promovida em ocasiões por grupos de narcotraficantes que exercem a autoridade em seu interior e ordenam matanças e vinganças tanto dentro como fora dos cárceres.

Há um ano o atual ministro de Justiça, Eduardo Cardozo, de quem dependem diretamente os cárceres federais, surpreendeu a opinião pública ao afirmar: “Preferiria morrer antes de passar anos em um dos nossos cárceres medievais”.

É possível que, no futuro, as centenas de milhares de presos do Brasil tenham que agradecer aos políticos de colarinho branco envolvidos no caso mensalão, por uma possível melhora da situação.

Como disse o juiz Barroso, chegou a hora de levar a sério a situação degradante dos presídios brasileiros, e ter a coragem de investir massivamente no sistema carcerário para que as pessoas privadas de liberdade não percam sua dignidade.

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