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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Contra a essência dos EUA

Decisão da Suprema Corte dos EUA que permite aplicar o núcleo duro do veto migratório é uma má notícia

Opositores do veto migratório convocam a imprensa no Aeroporto JFK, em Nova York
Opositores do veto migratório convocam a imprensa no Aeroporto JFK, em Nova YorkTIMOTHY A. CLARY (AFP)
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A decisão da Suprema Corte dos EUA que permite, mesmo que provisoriamente, aplicar o núcleo duro do polêmico veto migratório impulsionado por Donald Trump é uma má notícia que ameaça restringir em termos de liberdades a política de aceitação de estrangeiros do país. É também um aceno para iniciativas semelhantes, ou inclusive mais radicais, que estão em andamento em outros países.

Trump apresentou essa resolução temporária a seu favor como uma vitória para a segurança dos EUA, pois o tribunal aceitou que o interesse nacional prevalece sobre o possível prejuízo do veto aos imigrantes e refugiados. Mas não é a mesma coisa: o presidente inocula em seu discurso um elemento xenófobo muito perigoso para uma democracia. O profundo viés discriminatório – especialmente contra os muçulmanos – que o ocupante da Casa Branca quer imprimir desde seu primeiro dia no cargo para controlar as pessoas nas fronteiras vai contra a própria essência da fundação dos Estados Unidos: uma ideia aplicada durante dois séculos que concebe o país como uma terra em que pessoas de todo o mundo podiam encontrar liberdade – política e religiosa – e prosperidade. A advertência feita por tribunais de diferentes Estados de que o projeto Trump está contaminado por “intolerância, animosidade e discriminação” não deveria, portanto, ser desconsiderada.

E embora a decisão não seja definitiva, pois será reexaminada pela Suprema Corte em outubro, permite que desde já sejam fechadas as portas a refugiados e cidadãos de muitos países que não representam perigo para ninguém. Além disso, a história apresenta a prova irrefutável de que os EUA se tornaram uma superpotência mundial e democrática graças às pessoas vindas de todo o mundo, entre as quais estão familiares do próprio Trump.

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