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Chapecoense, uma equipe pequena que faria sua primeira final internacional

Clube esteve a ponto de desaparecer três anos atrás por problemas financeiros

Jogadores da Chapecoense comemoram a classificação para a final.Vídeo: PAULO WHITAKER / EPV
S. PALOMINO

Uma equipe humilde que, finalmente, vivia seu momento de glória. A Associação Chapecoense de Futebol, cujo time é conhecido como Verdão do Oeste ou Furacão do Oeste, foi fundada em maio de 1973 com a ideia de reviver o futebol na cidade de Chapecó, no oeste catarinense. Seu nome ganhou protagonismo neste ano ao chegar à final da Copa Sul-Americana, após deixar pelo caminho equipes tradicionais, como o Independiente e o San Lorenzo, ambos da Argentina. Nesta quarta-feira, disputaria a primeira partida decisiva contra o Atlético Nacional, de Medellín – uma final que foi suspensa após o acidente de segunda-feira à noite com o avião que transportava o time brasileiro nos arredores da cidade colombiana.

A história da Chapecoense é de superação. Devido a problemas econômicos, o clube esteve a ponto de desaparecer. Há três anos, quando o atacante Bruno Rangel chegou ao time, não havia nem campo de treino nem academia de ginástica. "O ônibus era muito velhinho, e agora é bom. Muitos jogadores não tinham condições de ir treinar de carro. Iam de ônibus para os treinos. Agora somos mais respeitados e conhecidos", disse Rangel numa entrevista.

O Furacão do Oeste subiu para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro em 2014. A crise econômica que quase o fez desaparecer e que o obrigou, para escapar de dívidas, a assumir uma nova identidade jurídica (Associação Chapecoense Kindermann/Mastervet), já havia ficado para trás. Apesar da boa campanha dentro de campo, porém, sua torcida não cresceu. Numa cidade de 200.000 habitantes, seus jogos não atraíam nem 10.000 torcedores. O jogo de volta contra o Nacional, aliás, deveria ser disputado em Curitiba, já que a cidade catarinense não conta com um estádio com as dimensões exigidas pela Conmebol para uma partida desse porte.

Danilo Padilha, o goleiro titular, de 31 anos, um dos jogadores a bordo do avião acidentado, comentava recentemente numa entrevista a trajetória da Chape das categorias inferiores até a disputa de um inédito título continental. "É possível ser campeão. Ninguém acreditava que chegaríamos à final, e chegamos. Tudo pode acontecer."

"No Brasileirão podemos ser no máximo o oitavo colocado, por isso agora estamos concentrados no título (da Sul-Americana), em entender o adversário. Vou me concentrar nisso", havia dito na véspera Caio Júnior, técnico da Chapecoense, time que tem entre seus destaques Cléber Santana, ex-jogador do Atlético de Madri e Mallorca.

O acidente da Chapecoense evoca outras tragédias similares sofridas por equipes de futebol. Em 1949, o avião no qual a equipe italiana do Torino voltava de um jogo em Lisboa caiu, matando 42 pessoas, entre elas quase todo o elenco. Onze anos depois, outro acidente envolveu a aeronave que levava o Manchester United de volta à Inglaterra após um jogo em Munique. Oito jogadores, dois dirigentes e o técnico morreram. Sobreviveram sete atletas, entre eles Bobby Charlton, lenda do United.

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