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‘Pequeno segredo’ quer um lugar no Oscar 2017 e mais

Filme que disputa vaga para o Brasil estreia no país nesta quinta, ansioso para conquistar o público

Julia Lemmertz (Heloísa Schurmann) e Mariana Goulart (Kat) em 'Pequeno segredo'.
Julia Lemmertz (Heloísa Schurmann) e Mariana Goulart (Kat) em 'Pequeno segredo'.

Chegou a hora de conferir com os próprios olhos do que se trata Pequeno Segredo, o até então desconhecido filme que representa o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar em 2017 – lançado nesta quinta-feira em 250 salas comerciais do país. Participante involuntário de uma polêmica envolvendo Aquarius – o comentado longa-metragem de Kleber Mendonça que foi preterido na escolha oficial de um candidato brasileiro à festa em Hollywood –, a obra começa agora uma trajetória para mostrar aos espectadores seus dotes próprios. E, para a surpresa dos mais reticentes, há mais qualidade nela do que se esperava.

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Dirigido pelo documentarista David Schürmann e baseado em um livro biográfico escrito por sua mãe, Pequeno segredo é a história real da pequena Kat, portada de HIV, adotada pelos velejadores catarinenses Heloísa e Vilfredo Schürmann, pais do diretor. Começa no mar, como é de se esperar, e no mar termina, de maneira idílica. Envolve no meio do caminho os desafios da vida da menina: a saúde limitada pelo vírus, a autoestima que balança às portas da adolescência e, em retrospectiva, o momento em que ela se separa dos pais biológicos e é adotada pelos Schürmann. Em essência, é um filme de família, um lugar para onde voltar – e que, apesar de tudo, frequentemente faz chorar.

Chorar, por sinal, é um dos efeitos colaterais de Pequeno segredo em personalidades mais sensíveis. Quando foi escolhido para o Oscar, o filme chegou a ser avaliado na imprensa como “um oceano de clichês e sentimentalismo”, o que deu o tom de sua trajetória até o momento. A descrição é exagerada, mas não descabida. Além de contar uma história naturalmente tocante, ele lança mão o tempo todo de imagens etéreas, mensagens edificantes e uma trilha sonora que quer incitar emoções. Tudo nele contribui para a emotividade, em especial os personagens planos, que representam valores positivos ou negativos e carregam a trama sem matizes.

O filme tem a vantagem de falar sobre figuras femininas e abordar tema relevantes, como a aids e a adoção. Sem falar que aborda a morte falando de vida

Mas não há só poréns na tela. Com um orçamento de R$ 10 milhões, Pequeno segredo se cercou de uma equipe profissional, da equipe técnica (com Marcos Bernstein no roteiro, Inti Brionis na fotografia, Antonio Pinto na trilha sonora e Gustavo Gianni na montagem) ao elenco (com Mariana Goulart, estreante, Julia Lemmertz, Marcello Antony e irlandesa Fionnula Flanagan, entre outros). O próprio diretor tem no currículo mais de 20 documentários ao lado da família, passagens pela TV da Nova Zelândia e um filme de terror, Desaparecidos. Apesar de americanizada, a estética é a de uma megaprodução que não poupa esforços para se conectar com o público. Do ponto de vista do conteúdo, faz o mesmo (e talvez consiga), com a vantagem de ser uma história sobre fortes figuras femininas e que aborda tema relevantes, como a aids, a adoção e inclusive a dose de aventura que transforma e impulsiona os seres humanos. Sem falar que aborda a morte falando de vida.

Em relação a Hollywood, mesmo tendo sido avaliado pela comissão que descartou os outros 15 concorrentes (entre eles, Aquarius) como um “filme de Oscar”, é difícil visualizar uma indicação no horizonte. Personalidade e algo de inovação é algo que se preza na Academia de Cinema dos EUA, mas essas são vantagens que Pequeno segredo infelizmente não tem. De qualquer maneira, os indicados só serão anunciados em 14 de janeiro, e pode dar zebra até lá.

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