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Volkswagen paralisa produção do Golf e do Passat em seis fábricas alemãs

Conflito com duas fornecedoras obriga a reduzir a jornada de 27.700 funcionários

O inédito contencioso enfrentado desde a semana passada pela Volkswagen e duas empresas fornecedoras obrigou a gigante automobilística alemã a paralisar a produção dos modelos Golf, seu carro mais vendido, e Passat e a fabricação de motores em seis fábricas alemãs. A medida, anunciada na segunda-feira, afeta no total 27.700 trabalhadores, que terão de repor sua jornada de trabalho. Um total de 10.000 deles trabalha na fábrica de Wolfsburg, a mais afetada pelo conflito.

A falta de verbas para fabricar os assentos dos dois modelos e peças para as caixas de câmbio também afetará a planta de Emden, onde trabalham 7.000 pessoas, e a de Zwickau, na qual a paralisação da produção afetará 6.000 trabalhadores. A falta de peças para as caixas de câmbio também obriga a paralisar a fabricação de motores e outros produtos mecânicos nas fábricas nas plantas de Kassel, Salzgitter e Braunschweig, onde um total de 4.200 trabalhadores terão de reduzir sua jornada.

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As drásticas medidas, que podem causar perdas milionárias para a Volskwagen, durarão pelo menos uma semana, segundo anunciou o grupo alemão no domingo, dia 21. Enquanto isso, continuam as negociações com as empresas fornecedoras. Na segunda-feira, estava previsto um encontro crucial entre representantes da VW e das duas empresas fornecedoras para tentar buscar um acordo no contencioso.

A disputa tem sua origem no cancelamento de alguns pedidos por parte da Volkswagem a duas empresas do mesmo grupo, CarTrim, que fabrica materiais para o revestimento dos assentos, e ES Automobilguss, especializada em fabricar peças de transmissão. As duas companhias pediram uma indenização de 58 milhões de euros (mais de 208 milhões de reais) por esses cancelamentos e na semana passada pararam de fornecer seus produtos.

Segundo cálculos de vários especialistas, a paralisação da fabricação do modelo Golf em Wolfsburgo pode custar à Volkswagen cerca de 100 milhões de euros (360 milhões de reais) semanais, um problema que se soma às dificuldades que a empresa tem devido ao escândalo relacionado a motores diesel, que foi descoberto em setembro do ano passado e que afeta 11 milhões de carros em todo o mundo.

Esse problema exatamente foi destacado por vários veículos de comunicação alemães para afirmar que a origem do problema teria de ser procurada na nova política de mão forte que a VW está aplicando a seus fornecedores. “Não somos responsáveis pela crise da VW e pela redução da jornada”, disse um porta-voz da ES Automobilguss, que admitiu que continuarão sem fornecer as peças para as caixas de câmbio enquanto o litígio não for resolvido.

As duas empresas fornecedoras são filiais do consórcio Prevent que tem sua sede na Bósnia Herzegovina e foi fundado por Nijaz Hastor, antigo funcionário da fábrica que tinha a VW em Sarajevo antes de começar a guerra na região em 1992. Graças a seus contatos, Hastor conseguiu levantar um império que agora abastece a VW com tecidos e couro para o revestimento dos assentos, sofisticadas peças para as caixas de câmbio e também fabrica móveis, roupas e iates. Depois do fim da guerra na Bósnia, a Volkswagen Sarajevo reiniciou suas atividades em 1998 como uma joint venture entre a VW e a Prevent.

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