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PMDB acua Governo Temer ao lançar candidato à presidência da Câmara

Ex-ministro de Dilma, Marcelo Castro vence disputa interna e contraria interesses da gestão interina

Marcelo Castro, ex-ministro de Dilma e candidato pelo PMDB.
Marcelo Castro, ex-ministro de Dilma e candidato pelo PMDB.Antonio Cruz/Agência Brasil

O PMDB, partido de Michel Temer, foi o responsável por deixar o presidente interino acuado e rachar ainda mais a sua base na disputa para a presidência da Câmara dos Deputados. Nesta terça-feira, véspera da votação, os peemedebistas, que têm a maior bancada da Casa com 66 representantes, lançaram o deputado piauiense Marcelo Castro, ex-ministro da Saúde de Dilma Rousseff, como o nome da legenda para a sucessão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). De quebra, o candidato ganhou o apoio de parte da bancada do PT, após a interferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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Até o início da noite desta terça-feira, 12 dos 13 candidatos eram da base de Temer. O mais bem visto pelo Planalto, até então, era Rogério Rosso (PSD-DF), o presidente da comissão do impeachment e um dos principais aliados de Cunha, que agora tenta descolar sua imagem da dele. O que pesa contra Castro, na visão de assessores de Temer, é que ele votou contra a abertura do processo de impeachment de Rousseff, em abril, e não seguiu a determinação de seu partido de entregar o cargo no primeiro escalão da petista quando o PMDB decidiu romper com o então governo federal.

A decisão de indicá-lo como o nome da legenda ocorreu após uma votação convocada às pressas para a manhã desta terça-feira. Os quatro pré-candidatos do partido foram votados e Castro, com 28 votos, saiu vencedor no segundo turno. Em segundo lugar ficou Osmar Serraglio, com 18 votos. Os outros dois postulantes, Carlos Marun e Fábio Ramalho, foram derrotados na primeira etapa. Ramalho deverá manter uma candidatura avulsa.

Apesar de ter sido colocada contra a parede, a gestão Temer diz, ao menos oficialmente, que não se sente pressionada. “Não vamos interferir no processo da Câmara. Gostaríamos de ter um candidato único da nossa base e acho que ainda é possível isso ocorrer”, afirmou o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. O ministro diz ainda que não acredita qual algum candidato da oposição chegue ao segundo turno e que, ao chegarem dois governistas, espera que após o pleito todos devem se realinhar e cessar qualquer disputa. O temor do grupo Temer é ver sua gigantesca base, com cerca de 410 dos 513 deputados, se esfacelar antes mesmo de ver sua interinidade concluída. O peemedebista aposta no controle da Câmara para passar um pacote de medidas, incluindo algumas indigestas, ainda neste ano. Como demonstrado no caso no mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um presidente da Casa adverso pode causar bastante dor de cabeça.

O anúncio de que Castro seria o nome oficial dos peemedebistas, mexeu com todos os partidos. “A chegada de Marcelo Castro coloca todas as bancadas para rediscutirem”, alertou a líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ). O PSDB, por exemplo, decidiu que não terá candidatos, declarou apoio ao representante do DEM, Rodrigo Maia, mas deu espaço a todos os outros fazerem campanha junto à sua bancada, inclusive Castro.

Aliados de Rosso, o favorito do Planalto, disseram à reportagem que ele estava desanimado com a sua candidatura. Em princípio, esperava ter mais de cem votos, mas com a disseminação de candidaturas, faz uma conta baixa que não ultrapassa os 60 votos. Na conta, estariam os 37 deputados de seu próprio partido, o PSD.

No caso de Castro, a conta inicial é de que ele teria ao menos 28 dos 66 votos do PMDB, já que esse foi o número de parlamentares que votou por escolhê-lo como o representante do partido. Em sua conta ainda estão votos de ao menos 30 dos 58 deputados petistas e de outros 25 ou 30 que seriam oposição/independentes com relação ao Governo Temer. Ou seja, teria entre 83 e 88 votos, o suficiente para, no atual cenário, colocá-lo no segundo turno. Outros postulantes ao cargo que ainda têm chances são Rodrigo Maia (DEM-RJ), Francisco Giacobo (PR-PR), Beto Mansur (PRB-SP), Luiza Erundina (PSOL-SP) e Espiridião Amim (PP-SC).

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