Para G-20, saída do Reino Unido da UE seria um golpe na economia mundial
Diante da pressão de alguns setores do Partido Conservador britânico, grandes potências alertam para riscos de tensões geopolíticas e queda brusca no preço das matérias-primas
A delegação do Reino Unido na reunião do G20 em Xangai, neste final de semana, conquistou o apoio explícito para que o país permaneça na União Europeia (UE). Trata-se de uma importante vitória para os britânicos que veem o risco de uma separação da UE, num momento em que alguns setores do Partido Conservador do primeiro-ministro David Cameron, sob o comando do prefeito de Londres Boris Johnson, separam-se da linha oficial e pedem abertamente o voto à saída da União. Desta forma, o Governo vê seu ponto de vista referendado pelas grandes potências mundiais.
O impacto de uma potencial saída da Inglaterra é um dos maiores riscos de desestabilização da economia mundial, segundo o comunicado conjunto feito no sábado pelos ministros das Finanças das 20 maiores potências mundiais. Nos itens seguintes ao Brexit (saída do Reino Unido da UE), o G20 alerta sobre o perigo da volatilidade nos fluxos de capital, a queda brusca do preço das matérias-primas, as tensões geopolíticas e a crise dos refugiados.
Mesmo que a inclusão desse ponto no texto final não figurasse nos rascunhos iniciais, a pressão da delegação britânica conseguiu arrancar duas menções contundentes: o Brexit, diz o G20, seria um “golpe” e uma “comoção” não somente à Europa, mas ao mundo inteiro.
O ministro das Finanças do Reino Unido, George Osborne, destacou ao final do encontro que seus homólogos concluíram “por unanimidade” que a possibilidade de um Brexit é um dos maiores perigos enfrentados pelo crescimento global em um momento de fraqueza generalizada. Em declarações à BBC, o responsável pela economia britânica afirmou que essa questão é “extremamente séria” e não “uma viagem de aventuras ao desconhecido”. “Se é um golpe à economia mundial, imagine o que significaria ao Reino Unido”, afirmou.
A menção a uma potencial saída da UE faz com que esse risco tenha dimensão global e é, sobretudo, um respaldo ao Executivo britânico internamente.
Outros membros de alto escalão presentes na reunião de Xangai, como a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, e o secretário do Tesouro norte-americano, Jack Lew, também expressaram publicamente seu temor de que o Reino Unido abandone a UE. Até mesmo as autoridades chinesas, pouco afeitas a comentar assuntos domésticos de outros países, afirmaram diversas vezes que são partidárias de “uma Europa unida”.
“A Espanha apoia a permanência, não só pelo tamanho do Reino Unido como economia, mas pela influência positiva que sempre tem sobre as decisões comunitárias”, disse, por sua vez, o ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos. “A saída do Reino Unido seria uma má notícia para o próprio Reino Unido, para a UE e para a economia mundial”. Em sua opinião, se trata de um “sentimento generalizado”, informa a agência Efe.
Além do Reino Unido, outro país europeu que esteve nas manchetes nos últimos meses, a Grécia, também foi protagonista em Xangai. O FMI demonstrou no sábado seu temor de que o país helênico tenha dificuldades, já a partir do final de março, para pagar sua dívida e pediu a Atenas rapidez na implementação das reformas, apesar da carga adicional a que se viu submetido em relação à crise dos refugiados. Segundo publicação da revista alemã Der Spiegel no sábado, o FMI se preocupa especialmente com a disposição de muitos países europeus em mostrar uma maior flexibilidade com o Governo grego no cumprimento dos compromissos adquiridos com o terceiro resgate por conta da crise de refugiados.
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