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A praia mais bonita: Jericoacoara

Antiga vila de pescadores a 300 quilômetros da capital do Estado, Fortaleza, é uma aquarela de cores luminosas que marca a estadia de seus visitantes como uma tatuagem

Carla Jiménez
Coqueiros, dunas e lagoas naturais marcam a paisagem.
Coqueiros, dunas e lagoas naturais marcam a paisagem.

Talvez em sua visita ao Parque Nacional de Jericoacoara, no Nordeste brasileiro, o turista fique fascinado pelo contraste entre o azul intenso do céu e o branco das dunas de areia. Ou então se distraia enquanto sai do hotel andando na direção do mar olhando as diversas flores de cores fortes ao longo do caminho. É possível ainda que tope com redes suspensas entre dois postes dentro da chamada Lagoa do Paraíso e se jogue ali como se não houvesse mais dias no mundo ou outra paisagem além daquela que o rodeia, naquele momento, com a sensação de ter chegado ao lugar certo. Não importa o que faça ou onde pouse os olhos por aqui. Em algum momento do dia, ao amanhecer ou ao anoitecer, a exuberância da natureza desse famosíssimo balneário do Ceará vai pegar você desprevenido e imprimirá registros eternos na memória dos quais você nunca saberá como se livrar.

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Jeri — como é mais conhecida —, uma antiga vila de pescadores a 300 quilômetros da capital do Estado, Fortaleza, é uma aquarela de cores luminosas que marca a estadia de seus visitantes como uma tatuagem. Qualquer outro destino posterior será comparado com essa porção do Nordeste brasileiro onde o sol, o vento e o mar formam uma majestosa trindade.

Os 8.800 hectares de natureza preservada proporcionam um espetáculo diário com diferentes atrações: para quem gosta de praia (há quem diga que as melhores praias do mundo estão aqui), caminhar, nadar ou simplesmente não fazer nada além de descansar, tomar sol e dormir. Em uma palavra: eliminar a suspeita de que a vida não tem doces compensações que mereçam ser conhecidas.

Os dias em Jeri (ao menos quatro, por favor) serão marcados por vários acontecimentos. Um dos principais é ver o pôr do sol da duna do "pôr do sol", que fica ao lado do mar, no centro da região. É uma fotografia típica. A maior preocupação do turista é verificar se alguma nuvem vai estragar o espetáculo do sol escondendo-se num horizonte cintilante a partir de uma montanha de areia. Nunca faltam aqueles que aplaudem nesse momento.

O clássico ocaso do sol visto das dunas.
O clássico ocaso do sol visto das dunas.

Antes de subir na duna, em todo caso, o turista já terá aproveitado a reserva natural até a última gota. Levantar-se depois das nove horas é uma afronta quase imperdoável. Em todo caso, o calor desperta os visitantes, e as nítidas cores do céu com cheiro de maré já são convites suficientes para se obrigar a começar o dia bem cedo. Não há tempo a perder. E o ideal é se instalar em um quarto de hotel sem televisão para ficar totalmente ligado no que interessa: lazer em uma natureza privilegiada.

A rotina começa quando os motoristas dos bugguies (veículos abertos que trafegam em qualquer tipo de terreno) passam para buscar os turistas que na véspera agendaram passeios. Os destinos mais procurados são a Lagoa Azul, a Lagoa do Paraíso e a Pedra Furada. No Paraíso, nenhum turista sai sem uma foto recostado nas redes. O lugar fica a aproximadamente meia hora do centro de Jeri, e os bugguies seguem pela extensa faixa de areia paralela ao mar.

Os turistas vão sentados na parte de trás do carro, equilibrando os óculos para se proteger do sol e da areia, mas ao mesmo tempo tentando deixar os olhos livres para apreciar a paisagem. Ao chegar ao destino só lhe restará estender a toalha, aplicar mais uma camada de protetor solar e tomar uma cerveja bem gelada ou a típica caipirinha.

Os motoristas esperam que a tarde termine e que seja hora de voltar... para a duna do pôr do sol para ver o sol brincar com o horizonte novamente, você se lembra? Mais uma vez temos de relaxar e compartilhar com outros turistas o espetáculo antes de tomar uma ducha e sair para jantar fora na cidade, que oferece uma variedade de restaurantes para todos os bolsos. Não se admire com uma coisa: você está no Brasil, mas vai ouvir italiano por todos os lados. Os italianos descobriram Jericoacoara há muito tempo, porque além de ser um paraíso, o vento é adequado para esportes como kite surf. Assim, eles começaram a chegar, a ficar e a comprar hotéis e restaurantes. Então hoje você pode encontrar uma moqueca de peixe com toques italianos, ou uma brilhante sorveteria saída de um beco romano. A infraestrutura de atendimento aos turistas é simples, mas bem servida.

Menos selvagem

Aqueles que conheceram Jericoacoara antes dos anos 90 sentem saudade de quando o lugar era mais selvagem, de quando o centro da cidade não tinha calçadas, e só havia eletricidade fornecida por geradores. Mas a cidade cresceu e o progresso veio a pedido de seus próprios habitantes. Hoje há uma infraestrutura mais moderna. Mas os carros dos turistas não têm acesso. Ainda só se pode chegar a Jeri por estradas de terra a partir de Fortaleza.

Pode-se viajar de ônibus ou de caminhões com a parte traseira adaptada para acomodar passageiros. São seis horas de viagem, pagando algo em torno de cinco euros (20 reais). Quem procura conforto pode alugar jipes 4X4, que custam cerca de 80 euros e chegam em quatro horas. Mas a partir do segundo semestre de 2016, um aeroporto na cidade de Cruz, a uma hora do centro de Jeri, vai encurtar o caminho. O Governo do Ceará já está com 90% das obras prontas e assim espera facilitar a vida dos que desejam chegar à região mais famosa do Estado.

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