PF prende Senador Delcídio do Amaral e banqueiro André Esteves
É a primeira vez que um senador em exercício é preso sem ser em flagrante A prisão, feita a pedido do Ministério Público Federal, foi autorizada pelo STF
A Polícia Federal prendeu preventivamente, no início da manhã desta quarta-feira, o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), 60 anos, por suspeita de tentar obstruir as investigações da operação Lava Jato, que investiga o esquema de desvios bilionários na Petrobras. O senador foi preso em Brasília após um pedido do Ministério Público Federal, e foi levado à Superintendência da Polícia Federal, onde permanece detido. A prisão de Amaral é mais um duro golpe contra o Partido dos Trabalhadores, já que ele é líder do Governo Dilma Rousseff no Senado.
O banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, também foi detido na operação. A prisão ocorreu no Rio de Janeiro e, segundo a PF, Esteves estava destruindo provas das investigações da Lava Jato, assim como o senador petista.
Em seu pedido, o Ministério Público Federal argumentou que Amaral agiu para atrapalhar as investigações da Lava Jato, algo que é considerado crime permanente. Dessa forma, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal que autorizasse a prisão sua preventiva.
Trata-se da primeira vez que um senador federal é preso durante o exercício do seu cargo. A Constituição brasileira prevê que parlamentares só podem ser detidos em caso de flagrante. A Justiça obteve gravações de Amaral, em que ele planejava a fuga do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que está preso por ligação com os desvios na estatal, de não realizar a delação premiada –e assim não revelar à Justiça os detalhes das irregularidades. Cerveró acusou Amaral de participar de um esquema de desvio de recursos envolvendo a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
A conversa foi gravada pelo filho de Cerveró, Bernardo Cerveró, e entregue à Justiça. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o senador propôs um plano de fuga que envolveria a ida de avião até o Paraguai e, posteriormente, para Madri. Cerveró tem cidadania espanhola e conseguiria morar no país. Na conversa, Amaral afirma que ministros do Supremo estariam dispostos a soltar envolvidos na Lava Jato que estão presos no momento, o que facilitaria o plano.
Além do senador e do banqueiro, o Supremo também autorizou a prisão do chefe de gabinete do petista, Diogo Ferreira, e de um advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, que também estaria na reunião. A Segunda Turma do Supremo se reuniu na manhã desta quarta para avaliar a decisão inicial sobre a prisão, dada pelo ministro Teori Zavascki. Segundo ele, "não haveria outros meios de se preservar as investigações, que não sejam as prisões, uma vez que, conforme relatou o Ministério Público Federal, os envolvidos estariam pressionando Nestor Cerveró a desistir de firmar acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava-Jato". No final da manhã, o colegiado, formado por mais quatro ministros (Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Dias Toffoli) referendou, por unanimidade a decisão.
Na lista dos homens mais ricos do Brasil, André Esteves, matemático de formação, filho de uma família de classe média carioca, fez fama e fortuna a partir de 2008, quando fundou o banco BTG em sociedade com Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). No ano seguinte, o BTG comprou o banco Pactual e passou a se chamar BTG Pactual, que no ano passado faturou 6,5 bilhões de reais no primeiro semestre. Reconhecido como um homem bem sucedido e de perfil agressivo no mundo dos negócios, Esteves também era famoso por ser discreto com a vida pessoal, workaholic e por diversificar investimentos em áreas estratégicas. Ele tem participação em mais de 20 empresas.
Em nota, o BTG Pactual afirmou que está à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários e disse que vai colaborar com as investigações.
Já Amaral exerce seu segundo mandato como senador da República pelo Mato Grosso do Sul. Em entrevista em junho, ele criticou o que chamou de "processo de criminalização" do PT. "Essa criminalização é para prejudicar nosso projeto para 2018. Não digo que não erramos. Erros aconteceram e procuramos aprender com eles. Mas há um desejo forte de desqualificação do PT para 2018", afirmou, na ocasião.
A investigação sobre Delcídio do Amaral estava sob sigilo. Seu nome havia aparecido na primeira lista de políticos investigados, mas foi retirado por falta de provas inicialmente. O Palácio do Planalto deverá se pronunciar sobre o caso ainda nesta quarta, quando vai anunciar um novo líder do partido no Senado.
As prisões ocorrem um dia após a Polícia Federal deter, também em Brasília, o pecuarista José Carlos Bumlai, por suspeita de fazer tráfico de influência usando o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem ele era amigo.
Colaborou o EL PAÍS Brasil em São Paulo.
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