Presidente da Volkswagen renuncia por escândalo das emissões de gás
Winterkorn cedeu à pressão e admitiu que é preciso “um novo começo, também pessoal”
No final, a pressão foi forte demais. Martin Winterkorn, presidente da Volkswagen desde 2007 e que há apenas cinco meses havia ganhado uma disputa pelo poder com o patriarca Ferdinand Piëch, caiu vítima do maior escândalo nos 78 anos de história da montadora. “A Volkswagen precisa se renovar, também do ponto de vista pessoal. Estou disposto a abrir o caminho da renovação com minha renúncia”, disse Winterkorn em comunicado.
O até agora chefe máximo da Volkswagen tentou permanecer no cargo. Um dia antes de sua renúncia, insistia em pedir desculpa e em se apresentar como o homem que deveria ganhar de novo a confiança dos clientes. Mas a fraude das emissões de gás foi grande demais para não repercutir na cúpula da maior fabricante de carros do mundo.
A renúncia já parecia muito provável no domingo, quando a empresa admitiu as acusações das autoridades ambientais norte-americanas. Mas pouco depois tornou-se irremediável. Em dois dias, a Volkswagen perdeu na Bolsa 35% de seu valor, reconheceu que o número de veículos afetados sobe para 11 milhões (em vez dos 482.000 iniciais) e mobilizou 6,5 bilhões de euros (cerca de 28,6 bilhões de reais) para possíveis perdas. Além disso, países como EUA, Alemanha, Itália, França e Coreia do Sul anunciaram investigações.
A Promotoria de Brunswick (cidade da Baixa Saxônia, Estado alemão que possui 20% das ações do grupo) havia anunciado horas antes que também estuda abrir uma investigação.
“A Volkswagen tem sido, é e será minha vida”
Estou chocado com os acontecimentos dos últimos dias. Acima de tudo, estou espantado que más práticas de tal magnitude tenham sido possíveis no Grupo Volkswagen.
Como presidente-executivo, aceito a responsabilidade pelas irregularidades que foram encontradas nos motores a diesel, por isso pedi ao Conselho de Supervisão um acordo para encerrar minhas funções como presidente-executivo do Grupo Volkswagen. Faço isso pelo interesse da empresa, mesmo estando ciente de não houve qualquer irregularidade de minha parte.
A Volkswagen precisa de um novo começo, também em termos de pessoal. Estou abrindo caminho para esse novo começo com a minha demissão.
Sempre me guiei pelo desejo de servir a sociedade, especialmente nossos clientes e funcionários. A Volkswagen tem sido, é e sempre será minha vida.
O processo de esclarecimento e transparência deve continuar. Essa é a única maneira de recuperar a confiança. Estou convencido de que o Grupo Volkswagen e sua equipe vão superar esta grave crise.