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Ex-diretor da Petrobras preso fecha cerco sobre núcleo duro da Lava Jato

Polícia Federal deflagra 15ª etapa da Operação e prende Jorge Zelada Ex-diretor transferiu 35 milhões ao exterior com investigações em curso

Jorge Zelada, preso nesta quinta.
Jorge Zelada, preso nesta quinta.Brazil Photo Press/Folhapress

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira a 15ª fase da Operação Lava Jato, e prendeu o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Zelada. Sob a acusação do seu envolvimento em crimes de corrupção, fraude em licitações, desvio de verbas públicas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, Zelada foi preso em Niterói (RJ), em caráter preventivo. Segundo a PF, o ex-diretor realizou transações internacionais, da Suíça para Mônaco, no valor de 11 milhões de euros (35 milhões de reais) em junho do ano passado, ou seja, em plena investigação da Lava Jato.

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Zelada é o quarto integrante da diretoria da Petrobras a ser preso, depois de Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Nestor Cerveró. Com a sua prisão, a PF dá como encerrada um ciclo da Operação Lava Jato que fecha o cerco sobre a alta cúpula da companhia envolvida no esquema de corrupção na Petrobras que desviou, ao menos, 6,2 bilhões de reais. "O núcleo básico está delineado", afirmou o procurador Carlos Fernando, em coletiva da PF nesta manhã em Curitiba (PR). "Isso não significa que está esgotada a investigação, mas o núcleo de diretores da Petrobras está bem definido".

Segundo Fernando, os prejuízos da Petrobras com os casos de corrupção descobertos devem ultrapassar os 6,2 bilhões lançados no balanço da estatal. "Os prejuízos são significativamente maiores [que os seis bilhões]", disse. "Mas é quase impossível fazer a mensuração porque há uma série de efeitos que se replicam em toda a cadeia de licitação e seria preciso fazer um estudo acadêmico para chegar aos valores", afirmou. Porém, ainda durante a coletiva, a PF anunciou que está finalizando um laudo que fará uma projeção dos prejuízos da petroleira e que deve sair nos próximos dias.

A PF calcula que o salário de Zelada na estatal era em torno de 100.000 reais mensais, o que levanta a suspeita de desvio de dinheiro para abastecer as contas no exterior. Segundo as investigações, Zelada recebeu dinheiro por meio da contratações de sondas, cujos aluguéis representam altos valores.

Ao analisar as contas bancárias que o ex-diretor tinha no exterior, o Ministério Público Federal considerou incompatível a quantia de dinheiro com sua renda. Em março, as autoridades do Principado de Mônaco bloquearam dez milhões de euros de uma conta suspeita. Por isso, essa fase da Operação Lava Jato foi batizada de "Conexão Mônaco".

Nesta fase da Operação, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, sendo três deles no Rio de Janeiro. Em Niterói, foram apreendidos cerca de 250.000 reais e alguns documentos, na residência da ex-mulher de Zelada.

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