Colômbia, a seleção global que sonha alto
A atual geração, discreta e efetiva, contrasta com a imprevisível de Valderrama
A melhor geração da história da Colômbia era formada, até pouco tempo atrás, por uma mistura de jogadores criativos, brilhantes... e imprevisíveis. Higuita, Leonel Álvarez, Valderrama e Asprilla lideravam a equipe de um país em convulsão, soterrado pela violência, em constante incerteza. De certa forma, os atletas eram um reflexo da Colômbia do início dos anos noventa, que começava a se abrir ao mundo sob o Governo de César Gaviria. Aquela geração queria tudo, mas não conseguiu nada. Foram os primeiros jogadores que partiram rumo à Europa. E todos, ou quase todos para ser mais justo, fracassaram. “Bem-vindos ao futuro”, proclamou Gaviria ao assumir o cargo, em 1990. Naquela época, davam os seus primeiros passos – alguns nem tinham nascido – alguns garotos que agora são ídolos que ultrapassam fronteiras. São jogadores que triunfam nas grandes ligas alheios ao estrelato e aos escândalos do passado, exemplos para uma sociedade que vê neles um halo de esperança e unidade num país destroçado por mais de 50 anos de guerra. O futuro hoje é futebolístico.
A Colômbia convulsionada deu lugar a esta Colômbia global que almeja tudo. A rodada de classificação para o Mundial do Brasil e o posterior campeonato, quando os colombianos foram eliminados pelos anfitriões nas quartas de final, significaram uma injeção de ânimo. Sob a luz do técnico José Néstor Pékerman, o plantel amarelo chega agora ao Chile, 70 anos depois de sua primeira participação numa Copa América, como um dos favoritos ao título.
Um grupo que precisa de glória
O único título veio na Copa América de 2001, realizada na Colômbia. Uma edição muito descafeinada, marcada por desistências de jogadores e algumas seleções devido ao conflito com as FARC. Até agora, os colombianos continuam vivendo de outras conquistas, como o gol de Freddy Rincón contra a Alemanha no Mundial de 1990, o 5 a 0 sobre a Argentina em 1993 e os brilhantes detalhes da última disputa no Brasil.
Capitais na Europa
Alguns dos craques colombianos tiveram uma importância crucial em seus times nesta temporada, como o goleiro Ospina no Arsenal e, claro, o onipresente James no Real Madrid. Também é o caso de Bacca e de Jackson Martínez, dois artilheiros que apontam ao banco se Pékerman não mudar de ideia. Será Teófilo Gutiérrez, com a permissão do jogador do Sevilla, quem provavelmente acompanhará Falcao no ataque – uma incógnita depois da via-crúcis que foi sua passagem pelo Manchester United.
Falcao, cujo passe pertence ao Mônaco, não rendeu o que Van Gaal esperava. Mas sua presença parece indiscutível na seleção colombiana, já que figura como capitão na lista de Pékerman. Ausente da Copa devido a uma contusão, o atacante terá que dividir a liderança com James, o ídolo do país, com quem já brilhou na classificação para o Brasil. Os dois são velhos conhecidos dos vestiários do Porto e do Mônaco.
Na retaguarda a Colômbia oferece menos garantias. Ainda não se sabe como estará no meio-campo, com Carlos La Roca Sánchez e Edwin Valencia, nem quando Cuadrado estará em condições de jogar. Depois de temporadas idílicas na Fiorentina, que carimbaram seu passaporte rumo ao Chelsea, Cuadrado só foi titular em quatro partidas sob o comando do técnico José Mourinho. Devolver-lhe a confiança será certamente um dos principais desafios de Pékerman, o argentino mais querido da Colômbia.
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