Ansiolíticos para todos em Brasília
Todos os poderes estão em tensão pela investigação do maior escândalo da democracia
Nos longos corredores da Câmara e do Senado brasileiros, que compartilham um célebre edifício de Oscar Niemeyer, caminhava-se a toda velocidade nesta semana. Já se sabia que os presidentes de ambas as Casas estão manchados pelo maior escândalo do período democrático no Brasil. Guarda-costas escoltavam parlamentares muito sérios, invariavelmente pendurados no celular, enquanto corriam para seus veículos oficiais depois das tumultadas sessões da Comissão Parlamentar (até agora nada efetiva) que analisa o caso Petrobras. O rombo, de dimensões inéditas, ameaça mudar para sempre a política no Brasil. Só os zeladores e as faxineiras pareciam levar a vida com certa tranquilidade. “Já se sabe algum nome?”, perguntavam repetidamente os jornalistas.
A menos de um quilômetro, no palácio do Planalto, a ansiedade se instalou faz tempo: até existia a possibilidade de que nenhum dos 45 políticos mencionados na famosa lista Janot pertencesse ao opositor PSDB (que flertou com a vitória nas eleições de outubro), menos prejudicado pelo Petrolão. A explosão do escândalo produziu uma tensão extrema entre o PT de Dilma Rousseff e seu principal aliado, o PMDB, grandes vítimas políticas da investigação sobre o financiamento ilegal em grande escala descoberto no coração da empresa pública considerada até recentemente “o orgulho dos brasileiros”. Os nervos eram mais que justificados, dado que a investigação é alimentada principalmente por delações ‘premiadas’ de personagens centrais na trama, e fontes da investigação afirmam confidencialmente que as provas são “sólidas e numerosas”.
Mas enquanto a Procuradoria era elogiada esta semana por manifestantes contrários à corrupção sistêmica descoberta, os próprios procuradores experimentavam também um aumento da pressão arterial: seu enfrentamento com o Governo, gravemente afetado, coloca-os em frente ao maior teste de independência de sua história. A polarização política do país obrigou inclusive a aumentar a segurança do Procurador-Geral, Rodrigo Janot, e sua família. “Provavelmente não contentaremos nem a um lado nem ao outro”, havia dito nesta semana um promotor a este jornal.
O Ministério Público Federal se enfrentou também com a Controladoria Geral da União, máximo órgão de controle econômico estatal, por sua tentativa de fechar acordos de benevolência com grandes empresas construtoras acusadas (postura defendida pela própria Rousseff). O Procurador Júlio Marcelo de Oliveira solicitou nesta semana formalmente que a CGU se abstenha de fazer pactos e acusou indiretamente o Executivo de fazer “apologia da impunidade”. A semana terminou como tinha começado, todos esperando a lista até o último momento, aumentando a tensão inclusive nas redações dos jornais. Valia a pena: como disse esta semana o juiz instrutor do caso, Sergio Moro, “é importante a criminalização da lavagem de dinheiro, tentar estabelecer uma barreira. Um político desonesto tem vantagens que um político normalmente não possui”.
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