Espanha e EUA, os países onde mais cresce a desigualdade
A Organização Mundial do Trabalho afirma que os salários estão congelados há anos nos países desenvolvidos
A concentração do crescimento do desemprego nas rendas mais baixas transformou a Espanha no país desenvolvido onde houve o maior aumento da desigualdade durante a crise econômica. Segundo o Relatório Mundial sobre Salários 2014/2015 que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou na sexta-feira em Madri, a diferença que separa a parte mais rica e a mais pobre da população cresceu entre 40% e 50%, e transformou a Espanha no segundo país mais desigual —depois dos Estados Unidos— no grupo que inclui a União Europeia e o gigante norte-americano.
A agência das Nações Unidas se baseou em dados de 2010 que já haviam sido levantados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas introduziu um elemento novo ao identificar o desemprego como principal causa da ampliação da desigualdade. A OIT destaca que a redução do poder aquisitivo na Espanha chega a 17%. O fato de a perda de emprego—e em menor medida o corte de salários— se concentrar na camada dos 10% mais pobres da população diminuiu o poder de compra deste grupo em 43%. “Esse dado, e levando em conta que a redução do poder aquisitivo dos 10% com mais dinheiro não passa de 3% a 4%, é o principal motivo para o aumento da desigualdade”, explicou na sexta-feira Rosalía Álvarez, uma das autoras do relatório.
Mais produtividade
A pesquisadora da OIT também ressaltou que essas dinâmicas não se reproduziram em países como Portugal, Grécia e Romênia, onde ocorreu o contrário: o poder aquisitivo da camada da população com maior renda diminuiu mais do que o da parte mais pobre, e determinou um efeito de “achatamento” dos salários que reduziu a diferença entre elas.
Álvarez destacou ainda a queda de 1,3% dos salários na Espanha em 2013, enquanto em 2007 houve uma alta de 1,7%. Seu peso no poder de compra, além disso, foi reduzido em 10 pontos percentuais (representava 70% em 2006 e 60% em 2013).
É uma tendência que se mostrou mais marcante do que em outros países desenvolvidos, onde também houve redução dos salários. Ao mesmo tempo, nas economias emergentes o salário médio cresceu e isso está levando a uma convergência dos níveis salariais globais.
O relatório também destaca um crescimento da produtividade no trabalho —o valor de bens e serviços produzidos por trabalhador —entre 1999 e 2013. A diferença em relação aos salários foi de 10% entre 1999 e 2013 e de 5% entre 2009 e 2013. “Existe margem para subir os salários, na medida em que a produtividade permita”, afirmou o diretor-geral da OIT na Espanha, Joaquín Nieto, ao comentar os resultados do relatório. Ele explicou que as causas da situação atual são “tanto estruturais quanto políticas” e concluiu: “A pergunta não é se os salários devem subir, mas quanto devem subir”.
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