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Motoristas de ônibus paralisam todos os terminais de São Paulo

Categoria pede mais segurança após a morte de um motorista na semana passada

Marina Rossi
Ônibus parados na região do terminal de Pinheiros.
Ônibus parados na região do terminal de Pinheiros. M. R.

Os motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo paralisaram os trabalhos durante duas horas na manhã desta quarta-feira. Entre às 10h e às 12h, todos os 29 terminais da cidade permaneceram fechados.

A ação ocorreu como protesto pela falta de segurança à categoria. O estopim para a mobilização foi a morte do motorista John Carlos Soares Brandão, no último dia 22, após ter 70% de seu corpo queimado quando atearam fogo no ônibus em que trabalhava . Só neste ano, 98 ônibus já foram queimados, segundo a SP Urbanuss, o Sindicato das empresas de Transporte Coletivo da cidade. O número é quase o dobro de todo o ano passado, quando 58 veículos foram carbonizados.

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Durante a paralisação no Terminal Pinheiros, uma das regiões nobres da cidade, o movimento era tranquilo. Os ônibus que chegavam eram orientados a estacionar e aguardar até o fim do ato, às 12h. Não houve tumulto, nem manifestações. A técnica em enfermagem Jandira de Fátima da Silva, de 55 anos, havia sido pega de surpresa, pois não tinha informações sobre a paralisação. "Em termos de chamar a atenção, eu acho correto. Só não acho correto com a população", disse. "O Governo é que devia fazer alguma coisa. E a população é muito burra, porque fica colocando fogo em ônibus, pois acaba sendo a mais prejudicada", disse ela, que iria tentar pegar um trem para chegar na região de Moema, onde trabalha.

Segundo Narcizo Ozório, secretário-geral do Sindicato dos motoristas de ônibus, a paralisação ocorreu para chamar a atenção da população quanto à questão de segurança. "Não é para culpar nem o Governo municipal e nem estadual. Eles estão fazendo a parte deles", disse. "O nosso compromisso é com os trabalhadores,e a população está incentivando a paralisação", afirmou. Segundo Ozório, será formada uma comissão entre sindicato e Governo para discutir as medidas que poderão ser tomadas para aumentar a segurança dos trabalhadores da categoria. Ozório não soube dizer a razão pela qual os ônibus são queimados em São Paulo, mas afirmou apenas que os casos costumam ocorrer mais nas periferias da cidade.

Diariamente em São Paulo circulam cerca de 15.000 veículos distribuídos por 1.300 linhas. Nesta quarta-feira, além da paralisação dos ônibus, a chuva reforçou o caos no trânsito, e a cidade chegou a registrar mais de 90 quilômetros de lentidão pela manhã, um índice mais de 10% acima da média, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego.

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