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Em campo contra a Suíça, na arquibancada contra o Brasil

Argentinos e brasileiros se enfrentam em uma batalha de gritos de torcida, antecipando um clima de competição máxima, que pode se confirmar numa final

Carla Jiménez
Torcedores argentinos apoiam sua seleção durante o jogo contra a Suíça.
Torcedores argentinos apoiam sua seleção durante o jogo contra a Suíça.D. A. (EFE)

Um sujeito vestido com a camiseta azul celeste de Messi começa de repente a gritar "Suíça! Suíça! Suíça!" na arquibancada do Itaquerão. A cena notável, durante a partida decisiva para argentinos e suíços, reservou várias nuances que destacam, na verdade, como a Argentina desperta amor e ódio entre os brasileiros – e o jovem com a camiseta de Messi era, obviamente, um brazuca. O jogo, que definiria a vaga para a quartas de final, levou mais de 63.000 torcedores para a zona leste de São Paulo. "Estou indo torcer contra a Argentina", dizia um jovem cearense, com uma camiseta vermelha, sem ter a menor ideia de quem eram os craques da seleção que iria apoiar. "Temos de dar um Google para aprender pelo menos o hino suíço", se divertiam duas mocas brasileiras no metrô, que, segundo elas, precisavam ver a Argentina perder.

Mas muitos brasileiros seguiram para a arena com a ideia de torcer por um time sul-americano, afinal de contas, que ganhem os países do novo continente! Um deles arrumou até uma camiseta metade verde e amarela e a outra, com as cores da Argentina.

A torcida argentina, porém, muito numerosa e entusiasmada, repetia um grito de guerra para lá de provocador: "Brasil, decime qué se siente. Tener en casa a tu papá. Te juro que bien pasen los años, nunca lo vamos a olvidar. Que Diego los gambeteó. Que Cani los vacunó. Están llorando desde Italia hasta hoy. A Messi lo vas a ver. La Copa nos va a traer. Maradona es más grande que Pelé".

Pulando incansavelmente, e brincando o tempo todo, eles dançavam, agitando suas flâmulas, perucas e camisetas, antes do jogo começar.

A autoconfiança dos hermanos mexeu com os brios dos que iriam apoiá-los.

Para revidar, um grupo de brasileiros (melhor dizer, corinthianos), começou a cantar: "Se você é argentino, me explica como é, ter apenas duas Copas, uma a menos que o Pelé!"

Dentro do estádio, os argentinos voltavam a apoiar sua seleção sem deixar de provocar os brasileiros. Foi então que os brasileiros começaram a responder gritando: "Suíça! Suíça! Suíça!". Os argentinos devolviam – "Colômbia! Colômbia!", em alusão ao adversário do Brasil nesta sexta, quando se define o próximo semifinalista.

Foi assim na maior parte do jogo, que terminou, aos 90 minutos, num empate. A Suíça não foi um adversário tão fácil como esperavam os barra brava, que preferiram manter um silêncio comedido dentro do estádio. E os brasileiros aproveitaram essa deixa para aumentar o volume dos gritos pela Suíça – inclusive, os vestidos de Messi, que começaram a mudar de time – com a esperança de calar os celestes de vez.

Mas em campo, a Argentina revidou. Saiu um gol de Ángel di María, faltando três minutos para o fim da prorrogação. E os argentinos, chorando extasiados, voltaram a crescer e a gritar pela celeste, que afinal, estava classificada.

De volta, também, os gritos provocando o Brasil... Coube, então, à torcida verde-amarela fechar a partida em coro: "Argentina, pode esperar! A sua hora vai chegar!". Os dois times podem se cruzar na final da Copa, caso sejam vitoriosos nos próximos jogos. Um clássico que promete uma guerra de torcidas imperdível.

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