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Presidente do Barcelona prestará contas à Justiça sobre contratação de Neymar

Rosell se coloca à disposição do magistrado para contrato de Neymar, cujo custo final poderia chegar a 95 milhões de euros se forem somadas as partidas e o salário

Ramon Besa
Sandro Rosell, em coletiva de imprensa.
Sandro Rosell, em coletiva de imprensa.ALBERT GEA (REUTERS)

O presidente do Barcelona, Sandro Rosell, solicitou ontem ao juiz da Audiência Nacional Pablo Ruz que acate a denúncia apresentada pelo sócio Jordi Cases pela contratação de Neymar. “Peço com todo meu respeito ao magistrado que me convoque a declarar”, afirmou o dirigente máximo do Barça. “Vou explicar-lhe o que quiser e necessitar. Não há nada a esconder. E lhe rogo que se for possível não faça o processo durar muito, que me chame logo, e assim falaremos tudo sobre as cláusulas de confidencialidade que não foram postas por nós, mas pelas demais partes”. E. depois de reivindicar a “transparência do conselho”, enfatizou: “Nós reafirmamos pela enésima vez: Neymar custou 57,1 milhões.”

Rosell não respondeu à pergunta sobre se comparecerá como testemunha ou como réu e quando lhe perguntaram por que preferia explicar-se diante de um juiz em vez do sócio, respondeu: “Pela cláusula de confidencialidade”. O presidente, incomodado, disse reiteradamente em cada pergunta sobre o caso: “Já chega”. O porta-voz do clube, Toni Freixa, que compareceu com Rosell e os vice-presidentes Javier Faus e Jordi Moix, para explicar o projeto do novo Camp Nou, não admitiu mais perguntas sobre o caso Neymar. Ruz perguntou ontem precisamente ao promotor se antes de decidir se acata a denúncia deve pedir ao Barça dois contratos pelo valor de 16,9 milhões de euros, que, de acordo com o reclamante, serviram na realidade para pagar a incorporação do atacante brasileiro.

A palavra da junta diretora foi posta até agora em dúvida porque não encontrou meio de explicar que somente pagou 57,1 milhões pelo passe de Neymar. Não ajuda a “cláusula de confidencialidade” à qual recorreu inicialmente ––por decisão dos implicados–– para não dar detalhes de uma negociação que requereu uma “engenharia negocial”, na terminologia utilizada em um comunicado oficial da entidade. Assim foram explicadas as operações adicionais que o clube desvincularia da contratação do brasileiro.

A palavra do conselho foi posta em dúvida diante da falta de explicações

Aos 40 milhões afiançados à N&N –­–propriedade da família de Neymar–– e aos 17 milhões pagos ao Santos, o clube do jogador–– 57 no total –– teriam de ser acrescidos os valores que o clube não vincula à incorporação dele à equipe: 7,9 milhões pelos direitos preferenciais sobre três jogadores do próprio Santos e 9 milhões por duas partidas amistosas.

O diário espanhol El Mundo acrescentou ontem à operação outras três quantias: 10 milhões de bônus pela assinatura do contrato, 2,6 milhões pela comissão dos 5% que lhe corresponde como o agente –– o pai do jogador –– e 8,5 milhões por comissões à família do atacante por trabalhos sem condições, como o de buscar talentos, captação de publicidade e finalidades sociais. A soma dessas distintas quantidades dá como resultado 95 milhões. Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, que também tentou contratar Neymar, garantiu quando se retirou da disputa que para o Barça a contratação do jogador resultaria num gasto de 100 milhões.

Os salários do jogador podem alterar a escala salarial da equipe

Embora não tenha feito referência nem negado nenhum dos documentos que lhe atribuem, o Barça entende que somente 57,1 milhões são atribuídos à operação de contratação. Os demais valores seriam operações paralelas e teriam servido para complementar o salário do jogador, cujo pagamento oficial é de 11 milhões de euros brutos em cinco temporadas.

Vários porta-vozes do clube coincidem em que não foi cometida nenhuma ilegalidade nenhum delito de apropriação indevida, nem mesmo houve desvio econômico, mas que sua atuação foi “impecável”. O reclamante reitera, por sua vez, que ocultaram dos sócios uma informação que deveria ser pública. A transparência à que alude reiteradamente o presidente já havia sido questionada quando foram revelados detalhes inicialmente não conhecidos sobre o contrato com o Catar.

”Os salários de Neymar podem provocar em qualquer caso a alteração da escala salarial da equipe do Barça, e muito especialmente a melhora do contrato de Messi, e, de outra parte, a intervenção da Fazenda.

Não ficaram claros tampouco no momento aspectos do contrato de Neymar nos quais se especificaram receitas por prêmios como a conquista de troféus individuais, como a Bota de Ouro ou a Bola de Ouro. É preciso lembrar sobre isso que uma das pessoas-chave na operação, o agente brasileiro André Cury, passou a formar parte da equipe de colaboradores do Barcelona.

“Não temos problema em contar tudo”, interveio Rosell, depois de reiterar que uma coisa é a contratação e outra, os conceitos que afetam a “confidencialidade”.

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