OnlyFans suspende sua decisão de proibir sexo explícito a partir de outubro
O anúncio da empresa havia intrigado milhares de criadores, que usam a plataforma para transmitir conteúdo adulto
A plataforma OnlyFans, que coloca criadores de conteúdo em contato com possíveis assinantes, garantiu nesta quarta-feira que suspendeu sua decisão de proibir o sexo explícito a partir de outubro, anunciada em 19 de agosto. A rede registrou um crescimento extraordinário durante o confinamento, em grande parte graças aos milhares de usuários que a usaram para vender vídeos e imagens para adultos gravados ou transmitidos por eles próprios. A OnlyFans disse na sua época que a proibição da pornografia se devia às preocupações de banqueiros e investidores num momento em que a empresa procura novos investimentos, deixando confusos milhares de criadores desse tipo de conteúdo.
“Obrigado a todos por fazerem suas vozes serem ouvidas. Obtivemos as garantias necessárias para apoiar nossa comunidade diversificada de criadores e suspendemos a mudança de política planejada para 1º de outubro. OnlyFans é sinônimo de inclusão e continuaremos oferecendo um lar para todos os criadores “, garantiu a plataforma em mensagem postada no Twitter.
Thank you to everyone for making your voices heard.
— OnlyFans (@OnlyFans) August 25, 2021
We have secured assurances necessary to support our diverse creator community and have suspended the planned October 1 policy change.
OnlyFans stands for inclusion and we will continue to provide a home for all creators.
A empresa afirma que dois milhões de criadores de conteúdo ganharam mais de 5 bilhões de dólares com seus 130 milhões de usuários. Antes da crise sanitária da pandemia, o número de usuários era de 20 milhões. Algumas vozes batizaram o fenômeno de Uber da pornografia, em referência à supressão de intermediários entre trabalhadores e clientes.
A OnlyFans é baseada no Reino Unido, tem dois milhões de criadores de conteúdo e 130 milhões de usuários, dos quais pelo menos sete milhões pagam a cada mês, de acordo com a Axios. Dos criadores, há 16.000 que ganham pelo menos 50.000 dólares anualmente. A página permite que você cobre entre 5 e 50 dólares por mês dos assinantes. Dos lucros, 80% vão para os criadores e 20% vão para a plataforma.
A retificação da plataforma vem poucas horas depois de o Financial Times publicar uma entrevista com seu fundador, o empresário britânico Tim Stokely, na qual afirma que a responsabilidade pela proibição da pornografia é exclusivamente das instituições financeiras.
Cronologia de uma ameaça de proibição
A plataforma levou menos de seis dias para ir do banimento do conteúdo sexual (o mercado que o tornou famoso) para a volta atrás.
- Em 19 de agosto, a plataforma anunciou por meio de um comunicado que proibiria o conteúdo sexualmente explícito a partir de outubro, de acordo com a Bloomberg. “Essas mudanças são para atender às demandas de nossos parceiros bancários e provedores de pagamento”, disse a OnlyFans no comunicado. Elissa Redmiles, pesquisadora do Max Planck Systems Software Institute na Alemanha, disse ao EL PAÍS que a decisão da plataforma veio “do impulso de lobbies anticorrupção nos Estados Unidos e em outros países”.
Dear Sex Workers,
— OnlyFans (@OnlyFans) August 21, 2021
The OnlyFans community would not be what it is today without you.
The policy change was necessary to secure banking and payment services to support you.
We are working around the clock to come up with solutions.#SexWorkIsWork
- No dia 20 de agosto, a plataforma passou a receber várias reclamações em diversas redes sociais por sua surpreendente decisão. Dois dias depois, o EL PAÍS conversou com criadores de conteúdo sexual que trabalham em tempo integral na OnlyFans e que, devido à pandemia, encontraram uma oportunidade de trabalho na plataforma. “Eu tive que checar, não puder acreditar que nos deixava. Graças ao OnlyFans pude continuar a viver do meu trabalho“, lamentou uma das atrizes, enquanto outro ator assegurou que, com a proibição da nudez explícita na plataforma, optaria por experimentar ”um nu mais artístico“ para não perder sua renda.
- No dia 24 de agosto, o fundador da plataforma, Tim Stokely, revelou durante uma entrevista que a razão para a decisão veio das “preocupações de banqueiros e investidores” e como uma tentativa de diversificar seu público e passar da pornografia e do conteúdo para adultos a outros segmentos, como fotografia ou vídeos de culinária e ioga.
- Finalmente, hoje, 25 de agosto, tornou-se oficial: a OnlyFans suspende seus planos, se retrata e afirma que não banirá o conteúdo pornográfico em sua plataforma. Você não vai deixar escapar a galinha dos ovos de ouro.
Polêmica e reclamações
Mas a OnlyFans e seu conteúdo sexual também não ficaram isentos de escândalos. A indústria da pornografia recebeu várias acusações relacionadas ao tráfico humano e abuso infantil. Em maio passado, a BBC News revelou supostos documentos internos da empresa que provariam que a OnlyFans permite que moderadores de conteúdo deem vários avisos a contas que postam conteúdo ilegal antes de decidir fechá-las. No manual que vazou para a rede britânica, os trabalhadores também foram instruídos a serem mais brandos com as contas de maior sucesso na plataforma.
Em dezembro, o gigante do conteúdo adulto Pornhub deletou dois terços dos vídeos de sua plataforma depois que uma reportagem do New York Times o acusou de permitir a disseminação de violência sexual e pornografia infantil.
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