Príncipe Harry e Meghan Markle anunciam que “se tornam independentes” da família real britânica
Casal anuncia que viverá na América do Norte. “Vamos trabalhar para nos tornar pessoas financeiramente independentes”, comunicaram os duques de Sussex em suas redes sociais
O príncipe Harry e sua mulher, a atriz americana Meghan Markle, foram vítimas da mesma maldição que assombra todos os membros da família real britânica que não têm um destino fixo e determinado: sua vida privada, com erros, excessos e decisões pessoais, acaba submetida a uma crítica feroz. Os duques de Sussex anunciaram nesta quarta-feira, por meio de sua conta oficial no Instagram, que pretendem abandonar gradualmente as atividades e os compromissos públicos impostos pelo Palácio de Buckingham. “Pretendemos dar um passo atrás em nosso papel de membros seniores da família real e trabalhar para ser economicamente independentes, mantendo nosso total apoio à sua majestade. [...] Planejamos equilibrar nosso tempo entre o Reino Unido e a América do Norte e continuamos cumprindo nossos deveres em relação à rainha, à Commonwealth [Comunidade das Nações] e às organizações de nosso patronato. Esse equilíbrio geográfico nos permitirá educar nosso filho na apreciação da verdadeira tradição em que ele nasceu, ao mesmo tempo em que dará espaço para que nossa família se concentre em um novo capítulo [de sua vida]”, diz a declaração divulgada pelo casal junto com uma imagem de ambos feita no dia em que anunciaram seu casamento, em novembro de 2017.
O casal real fez essa declaração após seis semanas de férias em que os dois decidiram desaparecer do foco da mídia. Os últimos dias desse retiro foram passados no Canadá, onde foram vistos com o pequeno Archie. É nessa região da América do Norte que eles podem se estabelecer, segundo algumas fontes próximas ao casal. Algo que faria sentido porque Markle sente uma predileção especial por esse país, pois viveu em Toronto durante os anos em que trabalhou na série Suits, que foi filmada na cidade canadense e cujas sete temporadas ela estrelou antes de abandoná-la há mais de dois anos para se juntar à família real britânica.
A partir de agora, é aberto um processo de negociação delicada entre Buckingham e os duques de Sussex, em que a velocidade e o alcance do distanciamento anunciado e os arranjos financeiros necessários devem ser definidos até que se atinja a pretendida “independência econômica”. Harry compartilha com seu irmão William um ordenado de cerca de seis milhões de euros por ano do orçamento soberano, isto é, do tesouro público. Embora o pagamento nunca tenha sido tornado público, há uma convicção de que o duque de Sussex leva muito mais da metade dessa quantia. William, em seu papel de herdeiro direto da Coroa e terceiro na linha de sucessão, recebe diretamente dois milhões e meio de euros extras dos ativos privados de Elizabeth II. Além disso, o filho mais novo de Charles recebe mais seis milhões de euros dos benefícios de cada ano do Ducado da Cornualha, o vasto conglomerado agrícola e de terras e negócios de propriedade do Príncipe de Gales.
A decisão dos duques de Sussex é o resultado dos próprios interesses da casa real em redimensionar o papel de seus membros e focar na linha de frente —Charles, o futuro rei e seu herdeiro William— e da necessidade de Harry e Meghan de respirar e escapar do papel das ovelhas rebeldes e do fator de instabilidade em que a imprensa britânica os colocara. A chegada da atriz americana à família real foi inicialmente acolhida como uma lufada de ar fresco em uma instituição atrofiada. Mas o entusiasmo durou pouco, e os tabloides imediatamente começaram a fazer disso o alvo de suas críticas.
Depois de uma viagem oficial à África do Sul do casal no ano passado, Harry e Meghan caíram na tentação irresistível de expressar seus sentimentos e frustrações pessoais através de um documentário na televisão. O experimento se voltou contra eles. A mídia duvidava que o privilégio de acessar uma posição tão relevante pudesse ter causado o sofrimento da atriz. Seu principal inimigo, o jornalista e apresentador de televisão Piers Morgan, foi incapaz de se conter e mostrar alguma elegância ao ouvir a decisão. “As pessoas dizem que eu sou muito crítico a Meghan, mas ela abandonou sua família, abandonou seu pai, abandonou a maioria de seus velhos amigos, conseguiu separar Harry e William e agora separou seu marido da família real. Não tenho mais nada a acrescentar ”, escreveu Morgan em sua conta no Twitter.
Nos últimos anos, os duques de Sussex não pararam de fazer gestos de separação dos costumes e protocolos de Buckingham. Detalhes que em uma família normal não teriam a maior relevância, mas que em The Firm (A Companhia, como a família real é comumente conhecida) adquire a categoria de ofensa. Como adiar a apresentação na sociedade de seu filho Archie após o parto (o rosto exaustivo de Lady Di ou Kate Middleton nas portas do hospital seria mais do que justificativa para essa decisão) ou renunciar à residência no palácio de Kensington, em Londres, que eles compartilharam com o Duques de Cambridge, para se mudar para o campo.
Mas, acima de tudo, tem sido a comparação constante de Markle com Middleton (a avaliação de uma, sob o prisma da mídia, só poderia ser feita em detrimento da outra) que tornou a convivência insuportável. E aquilo que colocou os colunistas britânicos em dois lados inconciliáveis. Onde a imprensa conservadora via traços de frivolidade e formas caprichosas e plebeias, a mídia de esquerda espiava um tufo racista e classista de um estabelecimento que as causas sociais, ambientais ou mesmo feministas defendidas pela recém-chegada se tornaram insuportáveis. E onde houve claros excessos de mau gosto, como durante os meses que passaram criticando quanto tempo levou para a ex-atriz peder os quilos extras da gravidez.
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