O flagelo do rio Paraná, que enfrenta sua pior seca em 70 anos

O segundo curso hídrico mais extenso da América do Sul padece diante de uma baixa histórica no nível da água. Em seu delta, no leste da Argentina, pântanos são ameaçados pela seca e pelos incêndios —muitas vezes propositais, feitos em meio a uma disputa por terra causada pela pecuária. Em 2020, mais de 300.000 hectares de pastagens e florestas foram queimados na área, devastando a fauna e a flora nativas. Em 2021, com as águas em nível mais baixo nos últimos 77 anos, o risco ao ecossistema é ainda maior; um bioma fundamental e que tem papel enquanto reserva de água doce e também para filtrá-la e evitar inundações. Nesta reportagem fotográfica, feita entre 2018 e 2021, o EL PAÍS percorre o trecho final do Paraná para mostrar as consequências desse desastre natural —e quais os efeitos causados nas comunidades que dependem dos pântanos para sobreviver

Um dos principais braços do Rio Paraná, totalmente seco. É a pior baixa dos últimos 77 anos e, segundo o Instituto Nacional da Água (INTA), a situação vai se agravar nos próximos meses.


Fabian Ros, 53, trabalha com a madeira das sobras dos incêndios em Boca de la Milonga, uma das ilhas do rio Paraná na província argentina de Entre Ríos. O homem transforma madeiras 'sobreviventes' em belas peças de jardinagem e decoração. Todos na ilha o conhecem como "el flaco" ("o magro"). SebastIán Lopez Brach


O fogo avança sobre o leito do rio no delta do Paraná. De acordo com o Greenpeace, foram registrados 3.712 focos entre janeiro e meados de maio —época do ano em que geralmente há menos incêndios.


Pescador artesanal da comunidade de Espinillo, no rio Paraná. As comunidades locais são duramente prejudicadas pela diminuição histórica das águas, que estão no nível mais baixo dos últimos 77 anos.


Terra firme às margens da cidade argentina de Rosário, durante a baixa do nível do rio Paraná. Durante a semana, o Governo do presidente Alberto Fernández decretou emergência hídrica por 180 dias para mobilizar recursos extraordinários para as populações afetadas na região.SebastIán Lopez Brach


Uma ilha surge na superfície diante da seca no delta do Paraná; uma importante zona úmida de 17.500 km2 nas províncias argentinas de Entre Ríos, Santa Fé e Buenos Aires.SebastIán Lopez Brach
Uma das áreas mais afetadas é a do Paraná Viejo, curso do rio que circunda por trás da ilha em frente a Rosário, a segunda cidade mais importante da Argentina.
Imagens de satélite que mostram o avanço da seca, comparando as situações vistas em 2019 e hoje. O prognóstico não é animador: o Instituto Nacional da Água prevê mais seca até setembro.


Uma lagoa importante está sumindo. Por conta da baixa histórica do rio, o que se vê é o desaparecimento de lagoas, riachos e outros cursos d'água, deixando isoladas comunidades inteiras que vivem no rio, além de impossibilitar o acesso às cidades quando suprimentos e medicamentos são necessários


O fogo destruindo tudo em seu caminho, em Boca de la Milonga. Em 2020, o delta do Paraná sofreu os piores incêndios em mais de uma década, em sua maioria causados por ação humana. O Governo anunciou que vai reforçar o controle nos próximos meses para evitar que a tragédia ambiental se repita.


Crânios de animais vitimados pelos incêndios. Os pântanos estão entre os ecossistemas com maior biodiversidade no mundo.


A superfície do rio Paraná com pequenas lagoas em um de seus trechos.


Um sanhaço morto. A baixa histórico do rio Paraná e as queimadas descontroladas também são um problema gravíssimo para a fauna nativa —que está desaparecendo.



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