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Ações da Fiat e da Renault disparam depois da confirmação de que negociam fusão

Companhia francesa aceita “estudar com interesse” proposta da empresa ítalo-americana, que prevê que o futuro grupo seja dividido em 50% entre os acionistas de ambos os fabricantes

Jean-Dominique Senard, presidente da Renault, em 24 de janeiro.
Jean-Dominique Senard, presidente da Renault, em 24 de janeiro.Christophe Ena (AP)

A Renault está disposta a “estudar com interesse” a proposta de fusão com a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) que faria do grupo o terceiro maior do setor, anunciou na segunda-feira a empresa francesa depois da realização de uma reunião de seu conselho de administração convocada com este único propósito. A notícia, vazada neste domingo à imprensa, gerou grandes expectativas no mercado automobilístico. A oferta estima que ambas as empresas economizariam conjuntamente cerca de 5 bilhões de euros (aproximadamente 22,52 bilhões de reais) por ano com as sinergias geradas pela operação. As ações dos dois gigantes europeus experimentaram uma forte alta nos mercados.

“Depois de uma cuidadosa análise dos termos da proposta amigável da FCA, o conselho de administração decidiu estudar com interesse a oportunidade dessa combinação empresarial”, disse a Renault em um comunicado, no qual prometeu que haverá novas declarações “em seu devido tempo para informar o mercado dos resultados dessas discussões, de acordo com as leis e regulamentos em vigor”.

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Embora a última palavra seja do Ministério da Economia, como esclareceu o Eliseu, o porta-voz do Governo Emmanuel Macron, Sibeth Ndiaye, adiantou nesta segunda-feira que o Executivo é “favorável” ao projeto de fusão. É claro, enfatizou à rede BFMTV, desde que “as condições em que esta se realize sejam ao mesmo tempo favoráveis ao desenvolvimento econômico da Renault e, evidentemente, aos assalariados da Renault”. O Estado tem uma participação de 15% na empresa francesa.

A notícia de uma possível fusão repercutiu positivamente nas bolsas. As ações da Renault e da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) subiam mais de 10% na manhã de segunda-feira. Especificamente, os títulos do grupo francês chegaram a subir cerca de 16% pouco depois da abertura da Bolsa de Paris, cotados a 57,51 euros por ação, enquanto os da FCA aumentaram quase 20 % em Milão, embora logo essa valorização perdeu impulso. De acordo com a proposta italiana, a nova empresa seria controlada em 50% pelos acionistas de ambas as companhias. A fusão daria lugar ao terceiro maior grupo automobilístico do mundo e suas ações seriam negociadas nas Bolsas de Paris, Milão e Nova York.

8,7 milhões de veículos por ano

A proposta do fabricante ítalo-americano destaca que as vendas anuais do novo grupo atingiriam 8,7 milhões de veículos, com uma “forte presença em regiões e segmentos chave”. O que seria o terceiro “fabricante de equipamentos originais” do mundo teria através de suas múltiplas marcas comerciais “uma cobertura completa do mercado, do luxo ao segmento voltado ao grande público”, enfatiza a FCA, e poderia enfrentar o futuro “com um forte posicionamento em novas tecnologias, como veículos elétricos e autônomos”.

A Renault compensaria o atraso da FCA no setor de veículos elétricos e sua fragilidade na Europa e em troca teria acesso a uma parte substancial do mercado norte-americano, dominado por SUVs e caminhonetes, que não são o ponto forte do fabricante francês. Além disso, a proposta da FCA garante que a fusão não envolveria o fechamento de nenhuma planta de produção e permitiria aos dois fabricantes economias superiores a 5 bilhões de euros por ano, para além dos que a Renault obtém com sua aliança com a Nissan e a Mitsubishi.

Fontes familiarizadas com a oferta dizem que as negociações para a fusão da FCA e da Renault já tinham começado durante o mandato do ex-presidente da companhia francesa, Carlos Ghosn, informa a France Presse. A prisão de Ghosn, no fim de novembro, em Tóquio (Japão) por supostos desvios de dinheiro, abriu uma crise na aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. A fusão com a FCA fortaleceria a empresa francesa na distribuição de forças dessa aliança, que “deixa uma porta aberta”, de acordo com as mesmas fontes, para uma aproximação dos fabricantes japoneses. Fiat Chrysler, Renault e Nissan-Mitsubishi somam 16 milhões de veículos por ano, à frente dos grupos Volkswagen (10,6 milhões) e Toyota (10,59 milhões).

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