
Onze casais de Hollywood que viveram à beira do abismo
Assim começaram, se desenvolveram e terminaram estes idilios históricos

Como acendeu a chama? Sean Penn (Califórnia, 1960) viu Madonna (Michigan, 1958) na MTV e pediu a um amigo que o levasse na filmagem do videoclipe de Material Girl (1985). Lá se transformou no único homem que roubou a namorada de Prince, com quem Madonna saía na época. Madonna avisava os paparazzi aonde iria jantar e Sean trocava socos com eles. No dia de seu casamento (durou de 1985 a 1989), Penn sacou uma pistola e começou a disparar contra os fotógrafos. Andy Warhol o descreveu como o final de semana mais emocionante de sua vida.
Quando veio o incêndio? Ele considerava que o comportamento exibicionista de Madonna era uma provocação. Uma noite Penn amarrou Madonna a uma cadeira e a agrediu durante horas. Quando ele saiu para comprar mais tequila, ela fugiu para o carro de onde ligou para a polícia enquanto ele a esmurrava. Com o lábio machucado, Madonna se negou a apresentar acusações contra seu marido, mas pediu o divórcio.
Restaram brasas? Durante um show em 2015, Madonna contou que Penn estava na plateia e que sempre o amaria como no primeiro dia. Ele também reconheceu que nunca gostou de alguém como gostou de Madonna.

Como acendeu a chama? Na filmagem de Um Lance no Escuro (1975), Melanie Griffith (Nova York, 1957) tinha 18 anos e Don Johnson (Missouri, 1949) 26 e se conheceram quando ele tinha 22 anos e ela, 14. Eles se casaram em 1976 e se divorciaram em 1982. Griffith se casou com Steven Bauer, mas quando soube que seu ex estava saindo com Barbra Streisand e até haviam gravado uma música juntos, teve um ataque de ciúmes que terminou no segundo casamento com Johnson. Dessa união nasceu Dakota, hoje protagonista de Cinquenta Tons de Cinza.
Quando chegou o incêndio? Os vícios em álcool e drogas dela, que reconheceu ser incapaz de ficar sozinha e dormir sem beber, afundaram sua reputação como profissional em Hollywood e acabaram afetando seu casamento. As infidelidades de Johnson levaram Griffith a abandoná-lo por Antonio Banderas, a quem conheceu nas filmagens de Quero Dizer que Te Amo (1995).
Restaram brasas? Johnson está casado há 19 anos (com Kelley Phleger, uma professora de pré-escola) e Griffith já não acredita no casamento. Há alguns meses ela publicou uma foto da filmagem de Um Lance no Escuro e foram vistos acompanhando sua filha Dakota em eventos, até passaram alguns Natais juntos. Ou seja, se dão bem.

Como acendeu a chama? “Suas pegadas pela areia da praia iam em linha reta, cada calcanhar colado aos dedos da pegada anterior. E assim dava movimento aos seus quadris”. O dramaturgo Arthur Miller (Nova York, 1915 - Connecticut, 2005) descreveu dessa forma o rebolado do mito erótico Marilyn Monroe (Califórnia, 1926 - 1962), a quem conheceu em uma festa. “Durante os quatro anos seguintes, em cada filme que fazia pensava que talvez Arthur me veria e por isso queria fazê-lo da melhor maneira possível. Ele foi o único que me sugeriu fazer teatro, mesmo que os demais dessem risada”, disse Monroe. A atriz tentou ser a melhor dona de casa, cozinhando massa caseira, pendurando-a nas cadeiras e secando-a com um secador de cabelo.
Quando veio o incêndio? As tendências depressivas de Monroe foram abaladas por dois abortos e um complexo por não poder dar a Miller a família que desejava. Duas tentativas de suicídio com comprimidos distanciaram o casal e ele escreveu Os Desajustados como uma fantasia de aproximação. Mas a filmagem foi um inferno: Marilyn não dirigia a palavra a seu marido e, quando a entrevistaram para uma revista, manteve toda a conversa penteando os pelos púbicos. O casal se separou em dezembro de 1961 e nove meses depois ela apareceu morta. Havia acabado uma aventura com John F. Kennedy paralela a outra com seu irmão Bobby e iria se casar novamente com seu segundo marido, o jogador de beisebol Joe Di Maggio.
Restaram brasas? Miller quase não falou sobre Monroe, mas em uma entrevista em 2002 na mesma casa que comprou com ela (mas na qual nunca chegaram a morar juntos), mostrou a garagem ao jornalista: “Aí estão algumas cartas e sua bicicleta. Está pendurada aí há 40 anos”.

Como acendeu a chama? Anjelica Huston (Califórnia, 1951) foi a uma festa de aniversário de Jack Nicholson (Nova Jersey, 1937), de quem havia se apaixonado vendo-o em Sem Destino, e assim que ele abriu a porta, sorridente, ela se apaixonou “pela segunda vez” como confessa em sua autobiografia. Ela tinha 22 anos e ele 36. Huston, modelo à época, passou essa mesma noite com o ator, que cancelou seu segundo encontro por “um compromisso prévio” que era Michelle Phillips, sua ex-namorada. Huston os flagrou em pleno encontro e ela e Phillips acabaram sendo amigas íntimas. Nicholson jamais quis se comprometer durante os 17 anos em que esteve com Huston. “Uma noite começou a flertar com uma modelo alemã na minha frente”, lembra a atriz, “então me levantei para ir embora, mas ele me agarrou pelo pulso e me colocou de volta na cadeira. Ele me disse para que nunca voltasse a fazer isso novamente e eu gostei de como ele era possessivo”.
Quando veio o incêndio? Cansada de suas infidelidades (que ele costumava justificar como “dei em cima dela por pena”) Anjelica abandonou Jack por Ryan O’Neill. Mas essa relação de um ano e meio foi ainda pior: O’Neill agredia fisicamente Huston e ela acabou voltando com Nicholson. Ela queria se casar e ter filhos, mas ele ria sempre que Huston fazia essa proposta. Em 1989, quando Anjelica tinha 38 anos, Jack engravidou uma jovem de 26 e após ficar sabendo Huston foi à filmagem de A Chave do Enigma (a sequência de Chinatown) e lhe deu uma surra. “E enquanto batia nele senti uma estranha gratidão por Jack deixar que eu o agredisse”, diz Huston. Dias depois, ele ligou e acabaram rindo do incidente.
Restaram brasas? Nicholson afirma que está solteiro, sozinho na vida (comprou a casa ao lado da sua, que pertencia a Marlon Brando, para não ter vizinhos) e que provavelmente morrerá assim. Aos 81 anos, já não lhe parece adequado ter casos por aí e além disso nenhuma mulher confia nele. Huston, que se casou em 1992 com um escultor e enviuvou sem filhos em 2008 (Jack tem cinco no total), admite que Nicholson é o amor de sua vida, mas que sofreu muito com ele por culpa de seu “encanto agressivo”. Ela o descreve, entretanto, como um homem generoso e alguém a quem “amou e sempre irá gostar”. Quem sabe ainda resta esperança para eles. Se há um lugar onde essa história pode acabar em final feliz, é Hollywood.

Como acendeu a chama? O Café Tabac de Nova York, em 1994, viu nascer uma relação agitada pelo consumo voraz de álcool, drogas, cigarros e sexo. A modelo Kate Moss (Londres, 1974), cuja imagem foi batizada pela imprensa dos anos 90 como “heroin chic”, era capaz de beber uma garrafa inteira de vodca (seu médico recomendou essa bebida por ser menos prejudicial a sua beleza), qualidade pela qual recebeu o apelido de “o tanque”. Em todas as suas fotos aprecem se tocando incontrolavelmente. E o que dizer de Johnny Depp (Kentucky, 1963): tão talentoso como intérprete como amigo da vida desregrada.
Quando veio o incêndio? Suas discussões eram tão selvagens como suas carícias. Durante uma briga, ele destruiu o quarto inteiro do hotel Mark de Nova York. “Obviamente Johnny tem caráter”, disse seu amigo, o diretor John Waters, “mas esse é um incidente menor: o serviço de quarto devia ser terrível”. Depp acabou deixando Moss em 1997, mas voltaram a aparecer juntos no festival de Cannes do ano seguinte. No Hotel du Cap, a modelo andou de biquíni pelos corredores e após receber uma advertência destroçou o quarto do hotel. Outra coisa que tinham em comum. Depp a abandonou definitivamente e começou uma relação com a cantora francesa Vanessa Paradis.
Restaram brasas? Moss reconheceu em 2012 que chorou a ruptura durante anos. “Ninguém foi capaz de cuidar de mim de verdade, Johnny conseguiu durante um tempo. Quando não sabia o que fazer, ele me dizia. E é disso que mais sentia falta, perder o carinho de alguém em quem podia confiar”, afirmou.

Como acendeu a chama? Eles se conheceram na festa de Ano Novo e ficaram noivos quatro dias depois. “Dei a ela meu anel do dedo mindinho, ela aceitou e enfiou a língua na minha boca até o esôfago”, lembra o roqueiro Tommy Lee (Atenas, 1962). A mãe de Pamela Anderson (Canadá, 1967) soube do casamento pelas revistas. Um vídeo erótico roubado de sua casa por um eletricista se transformou no vídeo pornô mais vendido da história, mas esse excesso de sexo (ela era o mito erótico oficial dos anos 90, com mais capas da ‘Playboy’ - cinco - do que qualquer outra mulher), drogas e rock and roll (Lee era o baterista do Mötley Crue) se tornou insustentável e se divorciaram em novembro de 1996, 20 meses depois de seu casamento e com um filho em comum. Mas reataram quatro meses depois e ela ficou grávida de novo.
Quando veio o incêndio? Em fevereiro de 1998, enquanto ela segurava o recém-nascido Dylan nos braços, o casal teve uma discussão que acabou com Pamela dando um soco na mandíbula de Tommy, que reagiu com chutes. Seu outro filho, Brandon, também estava presente. Alertados pelo barulho de objetos sendo jogados contra a parede, a polícia entrou na casa e prendeu o músico. Anderson e Lee se separaram, mas voltaram a tentar no ano seguinte e novamente em 2008.
Restaram brasas? Nem as cinzas. No começo de 2018 Brandon, que agora tem 22 anos, deu um soco em seu pai por ter insultado sua mãe. Pamela demonstrou sua preocupação por seu ex-marido e reza por sua recuperação do alcoolismo, mas enquanto isso não o quer perto de seus filhos. Ela se casou com o cantor Kid Rock em 2006 e com o empresário Rick Solomon (mais conhecido por ser o acompanhante de Paris Hilton em seu vídeo erótico) em 2007 e novamente em 2014. Após os rumores de relação com Julian Assange, atualmente está com o jogador do Olympique de Marselha Adil Rami, 18 anos mais novo.

Como acendeu a chama? Na filmagem de Alto Controle (1999) surgiu uma atração tão vertiginosa entre Angelina Jolie (Los Angeles, 1975) e Billy Bob Thornton (Arkansas, 1955) que ele se esqueceu de avisar sua noiva, Laura Dern, que estava com outra. “Saí de casa para gravar um filme e quando voltei meu noivo havia se casado com outra”, disse Dern, “não voltei a saber dele, foi como se morresse de repente”. O que estava muito vivo era o vigor sexual do novo casal, que se orgulhava nos tapetes vermelhos de ter transado na limusine da ida. Tatuaram seus nomes, levavam tubos com o sangue do outro pendurados no pescoço e compraram um túmulo conjunto. Para ele (44 anos na época) era o quinto casamento, para ela (24 anos) o segundo.
Quando veio o incêndio? Em vez de passarem a eternidade juntos, ficaram três anos: estiveram juntos de 1999 a 2002, mas se divorciaram em 2003. As pretensões de filantropa global dela acabaram sendo incompatíveis com a alergia de se relacionar com outros seres humanos dele. Quando ela quis adotar Maddox, ele propôs que o fizesse sozinha e aí acabou a relação.
Restaram brasas? Thornton está casado há quatro anos (com a também atriz Connie Angland) e Jolie está separada de Brad Pitt, mas mantêm uma boa amizade. “Angie é uma grande amiga, é uma pessoa estupenda que trabalha por tudo isso em que acredita e sempre a respeitarei por isso”, diz o ator.

Como acendeu a chama? Durante uma ressaca, Richard Burton (Gales, 1925 - Suíça, 1984) era incapaz de beber seu chá pelos tremores. Elizabeth Taylor (Londres, 1932 - Los Angeles, 2011) se aproximou, segurou a xícara com as mãos e lhe deu de beber. Não se separaram durante 10 anos. O Vaticano os condenou chamando-os de “vagabundos eróticos” (os dois eram casados quando fugiram juntos à Itália), exibiam seu feroz estilo de vida (ele a presentou com o diamante mais caro do mundo, um Cartier de 70 quilates avaliado em um milhão de dólares rebatizado hoje como “diamante Taylor-Burton”) e tomavam as brigas públicas como preliminares sexuais. Na manhã seguinte, ele a presenteava com uma pedra preciosa.
Quando veio o incêndio? O alcoolismo dele e o vício dela em sedativos tornaram os dois infelizes. Mas em 1975, durante uma reunião com seus advogados para ratificar seu divórcio, decidiram fugir e se casar de novo em Botsuana. “Na savana, com os nossos”, exclamou ela. O segundo casamento durou sete semanas, durante as quais ele a presenteou com sete diamantes.
Restaram brasas? Em 1984 Burton enviou uma carta a Taylor confessando que queria “voltar para casa”. Ele morreu três dias depois, antes que ela pudesse responder. Liz Taylor conservou essa carta em seu criado-mudo até o dia de sua morte em 2011.

Como acendeu a chama? Antes de conhecê-lo, Lauren Bacall (Nova York, 1924 - 2014) considerava Humphrey Bogart (Nova York, 1899 - Los Angeles, 1957) “o homem menos sexy do mundo”. Mas durante a filmagem de Uma aventura na Martinica (1944), ele entrou em seu camarim, a beijou e pediu que escrevesse seu número de telefone em uma caixa de fósforos. Bogart, com 44 anos, era casado, mas largou tudo por Bacall, de 19.
Quando veio o incêndio? Mesmo que representassem o cânone do amor na Hollywood dourada, moravam separados quando ele foi diagnosticado com um câncer de pulmão. Ela adorava festas e, como explicou, “Bogie se queixava que parecia meu guarda-costas, não meu marido”. Lauren abandonou Frank Sinatra para cuidar de Humphrey em seus últimos dias. Ficou viúva aos 31.
Restaram brasas? Bacall voltou a se casar em 1961, com o ator Jason Robards, mas após seu divórcio oito anos depois não voltou a manter nenhuma relação estável. “Me apresente um homem capaz de manter uma conversa e eu mudo de ideia”, costumava dizer.

Como acendeu a chama? “Vou me casar com esse homem”, disse Vivien Leigh (Índia ,1913 - Londres, 1967) a uma amiga após Laurence Olivier (Inglaterra, 1907 - 1989) a cumprimentar por seu último filme. Foram imediatamente morar juntos apesar de seus respectivos cônjuges negarem o divórcio. Por fim se casaram em 1940, quando ela ganhou seu Oscar por ...E o Vento Levou e introduziu o marido na indústria de Hollywood. Durante aqueles primeiros anos trocaram cartas de alta voltagem sexual nas quais descreviam como se masturbavam.
Quando veio o incêndio? Vítima da à época desconhecida bipolaridade, Leigh tinha episódios de raiva, paranoia e histerismo que depois esquecia completamente. Olivier cuidou dela durante 20 anos, mas acabou dando-a como perdida durante uma turnê teatral na Austrália: após se negar a entrar no palco por ter perdido seus sapatos, ele a esbofeteou e ela revidou. Eles se divorciaram em 1960, enquanto ele era considerado o melhor ator do mundo e ela estava esquecida por Hollywood.
Restaram brasas? Após saber da morte da Vivien por tuberculose com somente 53 anos, Olivier (já casado com a atriz Joan Plowright) se apressou a velar seu cadáver e rezar “por todo o mal que surgiu” entre eles. Dias antes de morrer, o ator encontrou um filme de sua ex-mulher, começou a chorar e exclamou: “isso, isso era amor”.