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Estados Unidos-Japão: o primeiro campeonato real entre robôs gigantes

A batalha robótica entre nações será retransmitida a posteriori através de uma plataforma online de televisão. A disputa teve lugar em uma fábrica japonesa abandonada

Imagem promocional do combate que se realiza nesta terça-feira entre os androides dos EUA e Japão.Vídeo: MEGABOTS

Em um lado do quadrilátero, um robô de 12 toneladas de peso, quase seis metros de altura e 430 cavalos de potência. No outro, seu adversário: um androide de mais de seis toneladas, com um tamanho de quatro metros. Ambas as criações tecnológicas representam os Estados Unidos e o Japão, respectivamente, no primeiro duelo online televisionado da história entre robôs gigantes que terá lugar nesta terça-feira, com uma pequena ressalva: o enfrentamento já ocorreu. Foi no Japão no final de setembro, em uma fábrica abandonada e sem público. Os organizadores descartaram a possibilidade de transmissão ao vivo para não tirar a emoção da disputa e compartilhar com os telespectadores que têm acesso à plataforma Twich todos os detalhes de uma batalha única. Depois da transmissão, a gravação será difundida pelas redes sociais.

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A batalha se estruturou em vários assaltos, permitindo a cada uma das equipes reparar seus robôs por um tempo determinado. Essa limitação fez com que a disputa se estendesse durante dias, o que tornou impossível “retransmitir o evento como um esporte comum”. O duelo terminava com a derrubada total do adversário (levando-o a nocaute), inutilizando-o ou forçando sua rendição. As armas de ambos os androides foram restringidas para que não atravessassem elementos como o metal.

A equipe de robótica do Megabots junto a seus robôs.
A equipe de robótica do Megabots junto a seus robôs.

“Quero golpeá-los para eliminá-los e nocauteá-los. Aceitamos o duelo”, foi a resposta dada por Kogor Kurata, criador do robô Suidobashi e CEO da empresa de tecnologia Suidobashi Heavy Industries, ao estadunidense Matt Oehrlein em 2015 – um dos inventores do androide Megabots –, depois de este último o ter desafiado a uma batalha robótica “entre nações”. Oehrlein chegou a qualificar o evento como o “entretenimento esportivo mais incrível que o mundo já viu” no site de sua empresa de tecnologia.

As aspirações deste engenheiro eletrônico, cofundador da startup robótiba Megabots Inc, com sede na Califórnia, consistem em criar uma liga mundial de robôs pilotados por humanos a meio caminho entre o Nascar (a categoria automobilística mais importante do país), a UFC (a maior empresa de artes marciais mista do planeta) e a BattleBots (uma empresa que promove combates de robôs a distância). Desta vez deram um passo além, já que tanto o Suidobashi como o Megabots – este último equipado com dois lugares de pilotagem – foram idealizados para serem dirigidos do seu interior.

“Não podemos permitir que outro país nos vença nesta disciplina. Os robôs gigantes são parte da cultura japonesa, por isso exigimos um combate corpo a corpo.” Com esta outra afirmação, Kurata iniciava a contagem regressiva para bater-se com seu desafiador. Ambos os países puseram mãos à obra. No caso dos norte-americanos, os promotores pediram apoio online por intermédio do Kickstarter (uma plataforma de financiamento aberta ao público) e conseguiram reunir mais de meio milhão de dólares (1,59 bilhão de reais).

Com esse dinheiro, conseguiram transformar um modelo antigo (o MK II) e melhorá-lo até convertê-lo no MK III, rebatizado com o nome de "Eagle Prime". Em agosto, a Megabots emitiu uma gravação em que apresentou seu novo protótipo em um vídeo com estética mais condizente com as grandes produções de Hollywood. O custo de produção ascendeu a dois milhões e meio de dólares (cerca de 8 milhões de reais).

A empresa californiana publicou em seu site o processo de criação do androide. As imagens mostram, por exemplo, a montagem da parte superior e inferior do robô e um teste sobre a capacidade destrutiva de algumas das armas com as quais pode ser equipado. Seus fundadores estão convencidos de que o futuro dessas batalhas globais se transformará, em menos de dez anos, em “um dos três esportes mais lucrativos em termos de audiência, receita e marketing”.

Um negócio, o do mercado da robótica, que não para de crescer. Em 2016, calculava-se que seu valor beirava o equivalente a 120 bilhões de reais. Em 2020, alcançará o equivalente a 525 bilhões de reais, segundo dados do banco norte-americano Bank of America Merril Lynch. Um filão que Oehrlein e sua equipe souberam aproveitar mediante a venda online de camisetas, logotipos, ímãs e até cartazes artísticos, com o objetivo de ampliar o financiamento de seu projeto. A China, que apresentou seu robô há alguns meses, apostou em um protótipo que pode caminhar com as quatro extremidades. As potências econômicas também movimentam suas fichas no futuro terreno (de combate) da robótica de massas.

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