Como se fosse uma carta de intenções mostrando que a sétima temporada não vai dar nenhum respiro nem perderá tempo com bobagens, o primeiro capítulo começa com uma prazerosa vingança para os espectadores: Arya acaba com todos os Frey de uma vez, envenenando-os com o vinho no mesmo salão onde aqueles tinham acabado com Robb e Catelyn Stark. E, para fazê-lo, nada como se disfarçar atrás da máscara de Walder Frey. Esse momento dá também o tom do arco narrativo de Arya nesta temporada, sua chegada a Winterfell e seu confronto fraterno.Depois de seis temporadas esperando pacientemente que a Targaryen voltasse a Westeros, finalmente vimos Daenerys entrar onde fora sua casa, em Pedra do Dragão. Um momento aguardado e que alivia o espectador, que sabe que, com isso, a reta final da série já está instalada. Daenerys pisa na areia da praia, toca nela e avança rumo ao castelo (pelo passeio de San Juan de Gaztelugatxe). A rainha chegou.Um dos novos vilões da temporada foi Euron Greyjoy. Com seu tipo de roqueiro pirata, atrapalha a tentativa de Daenerys e de Tyrion de conduzir a frota para Porto real e, de passagem, conquista um importante butim: torna prisioneiras sua sobrinha Yara, Ellaria Sand e uma das filhas desta última. É o tesouro que irá apresentar a Cersei Lannister como o seu próprio dote de casamento.O reencontro de Arya com sua loba gigante Nymeria era esperado. Em especial pelos seguidores dos livros, que não esquecem as referências a essa matilha de lobos que percorre as florestas de Westeros. Arya se encontra cara a cara com ela e deixa claro que as duas mudaram, que já não são filhotes, e que cada uma deve cuidar dos seus. É um momento que nos levou a pensar também em onde está Fantasma...Uma das curiosidades despertadas pelas últimas temporadas de Game of Thrones é acompanhar o desenvolvimento dos planos malignos de Cersei a partir do Trono de Ferro. Depois de sua vingança com Septa Unella, nesta temporada ela teve o prazer de torturar Ellaria Sand e uma de suas filhas, envenenando esta última e obrigando a primeira a vê-la morrer lentamente. A mesma morte com que as Serpentes da areia haviam presentado Myrcela Baratheon, a filha de Cersei e de Jaime.Desde o início da série (e dos livros), os espectadores aguardavam pelo encontro entre Danenerys e Jon Snow. Muitos querendo que se desse ali uma história de amor. Outros esperando por uma aliança definitiva contra os Lannister. E os dois se encontraram como reis, o que, ao longo da temporada, deu margem para se pensar em pedido de casamento. Uma questão finalmente resolvida ao final do penúltimo episódio com Jon na cama, ferido e lhe dizendo que será obediente a Targaryen sem a necessidade de se ajoelhar diante dela.Foi Lady Olenna, a Rainha dos Espinhos, e não Tyrion, quem envenenou Joffrey. Jaime, encarregado de acabar com a matriarca dos Tyrell, não esperava por isso. Essa verdade, dita quando o veneno oferecido pelo Lannister já fora ingerido, é uma doce vingança. Com um grande discurso, o personagem interpretado por Diana Rigg se despediu nesta temporada.Não poderia faltar em Game of Thrones uma imagem de um dragão e um cavaleiro portando uma lança como se fosse São Jorge. Foi Jaime Lannister durante uma batalha épica (filmada, em parte, em Los Barruecos, em Cáceres) em que Daenerys, Drogon e os dothrakis arrasaram uma parte do exército dos Lannister. Fogo, lanças, flechas gigantescas, escamas de dragão, Daenerys, Tyrion preocupado com seu irmão, Bronn em estado puro e Jaime quase sufocado. Essa batalha teve de quase tudo.Os reencontros entre os irmãos Stark foram um tanto quanto frios. Talvez os espectadores tivessem mais vontade de vê-los juntos do que eles próprios. Mas isso também tem uma explicação. Bran é outra pessoa, capaz de saber o que ocorreu com suas irmãs (em alguns casos, momentos vergonhosos) e o que poderia ocorrer no futuro. Arya é, agora, uma assassina perfeita. E Sansa tem muito claro que quer controlar tudo e que já não se deixa levar por pensamentos infantis. Mesmo assim, os três encontros entre Arya, Bran e Sansa estão entre os melhores momentos da temporada.Outro momento que vai dando consistência à tese Targaryen e Jon Snow é aquele em que Gilly diz a Sam que existe um certo Rhaegar que anulou seu casamento para se casar depois em Dorne com uma mulher misteriosa. Seria uma referência à mãe de Snow e irmã de Ned Stark? E o que Sam faz? Nada, recolher suas coisas e deixar a Cidadela...E finalmente vimos Jon acariciar um dragão. É uma imagem que queríamos ver há muito tempo (a seguinte seria ele montando sozinho em um deles, no ar). As teses de que Jon teria ascendência Targaryen vai ganhando força em cenas como essa.Um dos momentos mais épicos da temporada e que não tem nada a ver com batalhas: foi a reunião de anti-heróis para ir além do Muro a fim de procurar um caminhante branco para levar a Porto Real como prova da ameaça nortista. Essa saída por baixo do muro, em grupo, lembrou bastante Sete Homens e um Destino/Os sete samurais. É uma boa mistura de personagens. Pena que Brienne não tenha sido incluído.E esse mesmo grupo acaba cercado pelo exército de caminhantes brancos em uma pequena ilha em um lago congelado. Ainda dentro do estilo faroeste, os sete se veem cercados pelos zumbis como se fosse o cerco de índios a uma caravana de carruagens. Somente dois dragões, com seu fogo, conseguem arranjar as coisas em favor dos heróis. É a primeira vez que se vê de forma tão direta (e espetacular) por que a saga literária se chama Crônicas de gelo e fogo.Deixando de lado o fato de que ninguém entende por que o exército de caminhantes brancos levava consigo um jogo de correntes gigantes para resgatar o corpo de um dragão morto debaixo do gelo de um lago congelado, ver como o tiravam, sabendo que ele se transformaria em um animal-zumbi, foi espantoso. Com um dragão do seu lado, as forças entre o ferro e o fogo agora se equilibram, com vistas à oitava e última temporada...
