9 fotosOs 10 melhores filmes de Johnny DeppIndomável e valente, o ator realizou excelentes trabalhos. Esses são os melhores. O número um está no finalJuan Sanguino29 mai. 2017 - 16:29BRTWhatsappFacebookTwitterLinkedinBlueskyLink de cópiaJohnny Depp se converteu em um ídolo das adolescentes e seu topete estampou capas graças a esse papel dado a ele pelo cineasta mais grotesco da Hollywood atual, John Waters. O talento de Wade 'Cry-Baby' Walker para deixar cair uma única lágrima de um olho deixa as meninas loucas, tanto as líderes de torcida como as mais inteligentes e as marginalizadas. Exatamente como Johnny Depp. Nunca fica claro se Cry-Baby é uma sátira sobre a classe média ou uma reivindicação de seu encanto vulgar, mas, de qualquer forma, é impossível deixar de olhar par Johnny Depp nesse filme. Algo está passando em sua cabeça, ainda que nunca fique claro o que é. Quase três décadas depois, continuamos tentando descobrir.CordonNinguém jamais desejou com semelhante luxúria uma navalha de barbear. Para entender por que Tim Burton trabalhou com Depp em sete filmes basta ver o desempenho de outros atores sob as ordens do diretor: todos entendem o artifício e as cores vivas, mas nenhum captura as emoções macabras e ternas como Johnny Depp consegue. Esse musical sobre um barbeiro assassino representa o marco da aliança Burton-Depp, logo antes de tudo ir ribanceira abaixo para os dois. Transmitem como, na cabeça de Sweeney Todd, seu prazer sexual ante a violência tem sentido. Tanto que olha para o restante dos seres humanos com indiferença e/ou repulsa. Só Depp poderia ter conseguido que esse animal se tornasse épico, fascinante e, inclusive, comovente. E só Burton contaria os crimes de um assassino em série como se fossem um conto de fadas.Ver Johnny Depp interpretando como uma pessoa normal (ou o máximo de normal que pode ser o autor J. M. Barrie, criador de Peter Pan e acusado de pedofilia) se torna inquietante porque o espectador instintivamente está esperando que ele perpetre alguma atrocidade. Não acontece. Ao contrário, Depp lança uma atitude doce de "deixe que as crianças se aproximem de mim" e protagoniza uma cena cativante na qual indica ao jovem do filme que sua criança interior acaba de abandonar seu corpo, e agora é um homem. Bem nesse momento o Johnny Depp grosseiro, excêntrico e anti-Hollywood também desaparece. Quando Kate Winslet lhe conta sobre os rumores que giram em torno de sua amizade com as crianças, Barrie responde, pasmado: "Como podem pensar isso de mim?". E o espectador tem vontade de responder: "Porque está sendo interpretado por Johnny Depp"."Até em papéis sérios se maquia". Essa foi a reação coletiva do público ante o primeiro drama adulto de Depp em 11 anos. Essa transformação era obrigatória. O mafioso James 'Whitey' Bulger se caracteriza por dois traços dos quais Depp carece: elegância e um físico ário. Por outro lado, seu rosto é demasiado familiar (para o bem e para o mal) entre o grande público. O verdadeiro desafio era que os espectadores deixassem de ver Johnny Depp. O ator conseguiu transmitindo um olhar morto e desumanizado que não dependia das lentes, mas de sua interpretação. Em Aliança do Crime (dirigido por Scott Cooper) nos reencontramos com aquele Depp sem medo, com esse ator selvagem que ignorava a fama e que não tinha pudor de entrar na moral americana, resgatar seus demônios e levá-los para passear. Sem se importar com as consequências. Elas, as consequências, é que estão há uma década ameaçando sua carreira.Uma travesti prostituta e um policial sem alma. Por que contratar dois atores quando Johnny Depp pode representar os dois personagens? Reinaldo Arenas (Javier Bardem) está perdendo a cabeça e já não sabe quais criaturas saem de um sonho (Bon Bon) e quais são fruto de seus pesadelos (o tenente Víctor), em uma espiral de perdição na qual o sexo e a violência também se confundem. Poucas estrelas com o status de Johnny Depp teriam se entregue assim a um filme (dirigido por Julian Schnabel) em que, se tivesse ido mal, teria saído muito mal. Mas Depp, naquele momento, fazia com seu corpo o que tinha vontade. Como Bob Dylan cantava, "se você não tem nada, não tem nada a perder", e Depp se arrastava por Hollywood como um marginal sem lar, sem pátria e sem escrúpulos. Logo depois comprou uma mansão, e o resto é história.Naquela época, Depp não parecia interpretar pensando no cheque que receberia, mas pensando em que poderia morrer no dia seguinte. Seu personagem é um copiloto que atravessou a ponte do anti-heroísmo, usou várias drogas e ateou fogo à ponte depois. Um homem ao lado de quem a única garantia é de que qualquer coisa pode acontecer, provavelmente nenhuma boa. Mas, longe de parecer aterrorizador, dá vontade de fazer uma viagem com ele. Enquanto o cinema comercial se acomodava no sofá da previsibilidade, o cinema marginal tirava a arte do esgoto. E Depp sempre estava lá, sorrindo, toda vez que Hollywood levantava a tampa do bueiroDentes postiços? Uma peruca loira e um delicioso suéter de lã? Humilhações constantes? Johnny Depp, dirigido outra vez por Tim Burton, topava tudo. Sua interpretação do considerado "pior diretor da história do cinema" parte da premissa de que essa condecoração sempre será mais charmosa do que não ser considerado nada. Depp humaniza Ed Wood, o transformando em uma mescla de cientista louco, artista implacável e cervo ferido que não deixa de caminhar por mais que seja atropelado. Fala como um homem que fala como um personagem de Hollywood dos anos 1940, e transmite um entusiasmo penetrante que, ao final do filme, consegue dignificar Ed Wood e quase nos deixa com vontade de ver seus filmes. Quase.Cordon"Está bêbado ou é gay?", exclamou o presidente da Disney (a produtora do filme) quando viu as primeiras cenas, convencido de que Depp arruinaria a superprodução. A resposta do ator, “ou confia em mim ou me chuta para fora”, resumiu o espírito de Jack Sparrow. Um bobo da corte que não se faz de esperto, mas que é esperto, e que se sai melhor do que todos os outros porque sabe que o posto de herói já está ocupado por Orlando Bloom. Depp rouba o filme (dirigido por Gore Verbinski) do então astro da moda, e o faz usando um talento que sempre teve, mas que nunca antes havia sido comercial: sua capacidade de gerar química com todos os seus companheiros, sem se esforçar. Depp ficaria preso para sempre em sua própria paródia, mas Jack Sparrow continua conseguindo fazer com que crianças, pais e avós sorriam sem parar durante um par de horas. Não é apenas um personagem carismático, é uma nova forma de interpretar. E foi inventada por Johnny Depp.Era uma vez uma Hollywood em que os heróis tinham o rosto e as respostas bobas de Bruce Willis e Harrison Ford. E, de repente, chegou uma criatura tirada dos pesadelos infantis, pálida, com olheiras e penteado como se tivesse dormido em uma maquina de lavar, com enormes tesouras no lugar das mãos. E foi assim que o cinema comercial começou a contar as histórias dos estranhos. Os olhos de Depp olham com um amor que não existe no mundo real, com uma mescla de entusiasmo e inocência. A sociedade obriga Edward a abrir um salão de cabeleireiro, a dormir em um colchão de água, a pedir um empréstimo e a aparecer na televisão. Na vida real, Depp e Tim Burton, o diretor, acabariam pegando gosto pelo dinheiro e, portanto, renunciando àquela ingenuidade de seus inícios. Mas antes de caírem na autoparódia, antes de sacrificarem sua raridade para serem aceitos pelas massas, Edward Mãos de Tesoura reivindicou a beleza dos monstros. Edward sempre será especial. E Johnny Depp, apesar de tudo, também será sempre especial. Ao menos na tela do cinema.