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Os 50 anos da morte de Che Guevara

Meio século depois, o espírito rebelde do Che, com suas luzes e sombras, continua mantendo o magnetismo da utopia dos anos românticos da Revolução Cubana

Meio século depois, o espírito rebelde do Che, com suas luzes e sombras, continua mantendo o magnetismo da utopia dos anos românticos da Revolução. Nesta foto, o presidente cubano Raúl Castro participa neste domingo, 8 de outubro, de um ato que celebra os 50 anos da morte de Che, em Santa Clara (Cuba).Alejandro Ernesto (EFE)
A esquerda nascida do maio de 1968 ajudou a promover a popularidade do argentino, patenteada como imagem de culto graças à foto feita por Alberto Korda. Reproduzida de forma infinita em camisetas, cartazes, bonés e todo tipo de merchandising, a fotografia é hoje exibida tanto por jovens ativistas como por estrelas do esporte, do cinema e da música. Neste foto, centenas de pessoas participam do ato neste domingo, em Santa Clara (Cuba), que celebra os 50 anos da morte de Che.Alejandro Ernesto (EFE)
O presidente cubano, Raúl Castro, preside o ato que celebra os 50 anos da morte de Che Guevara, em Santa Clara (Cuba).Alejandro Ernesto (EFE)
Ernesto Guevara Lynch e Celia de la Serna em Rosário (Argentina). Ali nasceu seu filho Ernesto, Che Guevara, em 14 de junho de 1928. Ambos pertenciam à classe alta, embora decadente, de seu país. Mas deram uma educação esmerada aos filhos, baseada no livre pensamento e – sobretudo por obra da mãe – numa sensibilidade mais em sintonia com a esquerda. Celia se definia como progressista e feminista, sendo também muito próxima de Victoria Ocampo. Segundo seu filho Juan, as pessoas murmuravam ao vê-la passar: “Celia dirige, Celia usa calça, Celia não vai à missa”, coisas assim... Seu pai mantinha a renda da família e nutria sonhos de grandeza, que raramente cumpria. Foi sagaz e mulherengo. Teve uma relação tensa com o filho, que piorou após o triunfo da Revolução Cubana.Archivo familia Guevara
Celia de la Serna com seus filhos, de férias em Mar del Plata. Na água, da esquerda para a direita, estão Roberto, Celia, Ernesto e Ana María. Che e seus irmãos sempre se deram bem. Com os amigos, mostraram seus primeiros sinais revoltosos em Alta Gracia, sabotando a companhia de energia elétrica da cidade. Celia e Ana María, segundo Juan, adoravam Ernesto. Quando o Che começou a estudar Marx, a irmã mais velha o imitou. A morte do irmão a destruiu: “De todos nós”, diz Juan, “é a que mais teve dificuldade de aceitar.”Archivo familia Guevara
A primeira casa (chamada La Calesita) em Misiones, onde Ernesto deu os primeiros passos. A vida dos Guevara foi eminentemente nômade. Nos primeiros anos, os períodos que passaram em Caraguatay foram numerosos porque ali haviam comprado uma importante plantação de erva mate, graças, em grande medida, à herança que Celia recebera. Quando Ernesto estava a ponto de nascer, o casal decidiu ir a Buenos Aires para ter melhor atenção neonatal. Mas a distância era de 1.800 quilômetros, e o parto foi antecipado no meio da viagem. Celia e o marido foram para Rosário, onde o Che nasceu no hospital Centenario. Jon Lee Anderson tem outra teoria: afirma que Ernesto nasceu um mês antes e que o casal se encontrava ali para esconder a gravidez de suas famílias em Buenos Aires. De fato, casaram-se quando ela já esperava o menino.Archivo familia Guevara
Ernesto com o irmão Juan nos braços, sob o olhar atento da mãe. É incrível a semelhança entre Celia e o filho mais velho. Ele sempre a considerou um referente moral, ao contrário do pai. A relação entre Juan e Che foi muito próxima. O caçula começa seu livro contando que demorou 47 anos para ir até a Quebrada del Yuro, em La Higuera (Bolívia), onde mataram Ernesto. Diz que era um admirador do irmão mais velho, mas também um companheiro nos ideais revolucionários. Juan passou oito anos na prisão durante a ditadura militar argentina e se queixa de que seu próprio país não reivindicou a herança de seu irmão como ele merecia. Uma das intenções do livro, afirma, é enfatizar a “argentinidade” do Che.Archivo familia Guevara
Fidel Castro visita a família Guevara em Buenos Aires. O líder cubano, rodeado de membros do clã Guevara, com Juan, o mais novo, ao lado, em 1960. A família visitou Cuba um ano depois, e nessa viagem Ernesto discutiu com o pai, que tentou aproveitar a oportunidade para fazer negócios na ilha. Os vínculos do Che com a Revolução Cubana, assim como sua consagração como líder revolucionário, acabou com a tranquilidade da família. Circulavam notícias falsas sobre sua morte, que aos poucos eram desmentidas. A família chegou a sofrer reiteradas ameaças de morte e inclusive tentativas de atentado. Bombas foram deixadas na porta da casa, como a que foi descoberta pela empregada, Sabina Portugal. Como recorda Juan, ela cortou o pavio com uma tesoura. Era TNT, e os culpados nunca foram descobertos.Archivo familia Guevara