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Editoriais
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Putin deve pedir perdão

O presidente russo deve aceitar a responsabilidade pela derrubada de um avião de passageiros malaio sobre a Ucrânia

Fotografia de julho 2014 que mostra restos do Boeing 777 da Malaysia Airlines abatido ao sobrevoar o leste da Ucrânia.
Fotografia de julho 2014 que mostra restos do Boeing 777 da Malaysia Airlines abatido ao sobrevoar o leste da Ucrânia.ALYONA ZYKINA (EFE)

Vladimir Putin deve aceitar a responsabilidade pela derrubada do avião da Malaysia Airlines que fazia o voo MH17, acontecido em julho de 2014 sobre o território ucraniano e que matou os 298 tripulantes e passageiros do aparelho.

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A comissão independente internacional encarregada de estudar o caso apresentou um relatório final tão detalhado quanto impecável que fornece provas irrefutáveis da responsabilidade da Rússia na derrubada do avião. De acordo com gravações telefônicas interceptadas, as milícias pró-russas, assediadas pela aviação ucraniana, solicitaram e obtiveram da Rússia o sofisticado sistema antiaéreo Buk, capaz de abater aviões que voam em altitudes elevadas.

Como documentaram detalhadamente os promotores com a ajuda de fotografias, vídeos e gravações telefônicas, o lançador de mísseis foi pego pelos rebeldes em território russo, transportado para a Ucrânia, usado para disparar o míssil mortal e devolvido à Rússia imediatamente depois. Nas gravações se ouvem os rebeldes pró-russos primeiro se gabando da derrubada pensando que era um avião de transporte da Ucrânia e, em seguida, se lamentando pelo erro.

As conclusões são tão fortes que têm méritos de sobra para acabar na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança da ONU. De fato, existe o precedente de um caso semelhante, pois em 1988 um Airbus iraniano foi abatido no Golfo Pérsico por um míssil procedente dos EUA matando seus 290 ocupantes. Washington, depois de negar os fatos, acabou pagando 68 milhões de dólares (cerca de 222 milhões de reais) às famílias dos mortos.

O conflito na Ucrânia foi criado e mantido pela Rússia para evitar que Kiev se associasse à UE. Desde então Moscou violou as leis internacionais, apoiando uma guerrilha separatista e anexando a Crimeia. Negar sua responsabilidade — comprovada — pela derrubada do MH17 não ajuda em nada para aliviar a tensão.

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