Os ‘sabotadores’ do Waze
Alguns usuários nos Estados Unidos evitam o tráfego em seus bairros enganando o sistema e prejudicando o resto
A principal vantagem dos sistemas baseados no crowdfunding da informação é que são basicamente os usuários que os mantêm com dados em tempos real. Em teoria, trata-se de uma fórmula de sucesso, principalmente em algo tão imediato como os sistemas de navegação por GPS: se alguém está dirigindo e encontra uma árvores caída interrompendo a via, pode alertar aos que vêm atrás usando as ferramentas oferecidas pelo Waze para os motoristas. A partir desse ponto, o sistema não enviará mais veículos por aquela rota. Uma grande ideia que, diariamente, salva milhões de motoristas de engarrafamentos em todo o mundo.
Claro que esse sistema se baseia na boa vontade do usuário: uma pessoa se beneficia da informação trazida por todos, e ao mesmo tempo contribui com seu grãozinho de areia de maneira totalmente desinteressada e sabendo que ajuda os demais. Mas o que acontece quando um usuário age de má fé trazendo informações falsas? Este fenômeno está começando a ocorrer principalmente nos Estados Unidos com os chamados “impostores do Waze”, em que alguns zelam unicamente por seu próprio bem sabendo que causam um prejuízo para a comunidade.
Esse aplicativo de navegação, de propriedade do Google, emprega seus próprios algoritmos e informações do trânsito em tempo real provenientes dos diferentes serviços oficiais, mas seu grande valor agregado reside precisamente nas informações oferecidas pelos usuários. O aplicativo vai enviando informações anônimas para o sistema sobre a rua ou a estrada em que se circula, a velocidade média e os possíveis pontos de congestionamento. Esses dados enviados de forma maciça por um número crescente de usuários tornam cada vez mais eficiente o sistema, que, em consequência, se adapta e oferece rotas melhores para quem vem atrás.
O grande valor agregado desse aplicativo de navegação, propriedade do Google, reside precisamente na informação proporcionada pelos usuários
Quem já vem usando o Waze há algum tempo sabe que costuma ser uma boa ideia prestar atenção ao sistema sobre mudanças de última hora na rota, por mais perfeita que ela pareça. É fácil que a poucos quilômetros alguém descubra a tempo uma pista interrompida por causa de um acidente. No entanto, em alguns bairros residenciais de grandes cidades dos Estados Unidos, certas pessoas estão aproveitando justamente o fator social dos dados para modificar as informações.
Esses “sabotadores” agem assim: nos horários de rush e para evitar que o sistema envie o trânsito para suas ruas, eles entram no Waze e alertam sobre acidentes, incidentes ou batidas policiais – todos eles falsos, claro – de maneira que o sistema deixa de desviar o tráfego para essas vias. O serviço é tão eficiente que o efeito costuma ser quase imediato: ruas desertas e novamente ideais para um passeio. Mas o Google tem observado esse comportamento, e após vários alertas falsos, a conta daquele usuário é suspensa irremediavelmente: trata-se de um impostor.
O serviço é tão eficiente que o efeito da sabotagem costuma ser quase imediato: ruas desertas e novamente ideais para um passeio
No entanto, o dano já está feito: são necessários vários alertas antes que o Waze detecte um mal uso de seu sistema e expulse o culpado. São os próprios motoristas que, ao passar por uma rua com um incidente falso, informam sobre sua inexistência. Mas é necessário que outros motoristas de boa fé consertem o problema. É muito difícil enganar alguém que é especialista em algoritmos e trabalha com um gigantesco volume de dados: por um lado, o Waze conta com barreiras de defesa que detectam se o alerta foi dado em movimento ou não (já que, em geral, os impostores agem desde casa); por outro lado, se, em seguida, pela rua alertada, passam vários motoristas sem reduzir a velocidade e circulando normalmente, o sistema detecta que se trata de uma informação falsa. É possível enganar o big data, mas não por muito tempo.
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