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Revés para Evo Morales

A derrota significa outro importante passo para trás do populismo bolivariano na América do Sul

O presidente de Bolívia, Evo Morais, durante a conferência de imprensa do 24 de fevereiro na que reconheceu sua derrota no referendo.MARTIN ALIPAZ (EFE)
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A derrota do presidente Evo Morales no referendo através do qual pretendia reformar a Constituição da Bolívia para poder estender seu mandato é uma boa notícia em termos de saúde democrática do país andino. Os bolivianos decidiram não quebrar as regras do jogo que o próprio Morales propôs em 2009 e abrir um processo de renovação que irá culminar com um novo inquilino no Palácio Quemado em 2020. O resultado final, uma vitória do não por uma margem de 2,6%, revela uma grande divisão no país, situação inadequada em qualquer caso para realizar uma reforma constitucional como a proposta pelo presidente.

A negativa à pretensão do dirigente de ampliar suas opções de continuar no poder terá consequências nacionais e regionais importantes. Na Bolívia, porque força o líder do Movimiento al Socialismo (MAS) a preparar sua sucessão e, ao mesmo tempo, coloca sobre a oposição a tarefa de trabalhar seriamente para construir uma alternativa crível ao modelo de Evo Morales, que teve sombras, mas também luzes, como o crescimento econômico sustentado do país e a relativa estabilidade que o país viveu sob seu mandato.

Regionalmente, a derrota marca outro importante passo para trás do populismo bolivariano na América do Sul. Após a queda do kirchnerismo na Argentina e a decisão de Correa de não tentar a reeleição agora no Equador, o revés de Morales se junta à forte mensagem enviada pelos venezuelanos ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, com a retumbante derrota do chavismo nas eleições parlamentares de dezembro.

Morales disse que “perdeu a batalha, mas não a guerra”. Uma imagem talvez infeliz, porque não há mais nada distante de uma guerra que uma votação democrática. O que ele perdeu foi, em parte, a confiança dos seus compatriotas.

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