_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Urnas e pactos

Depois das eleições deste domingo serão necessárias negociações longas e difíceis

Preparativos para as eleições em um colégio eleitoral de Madri.
Preparativos para as eleições em um colégio eleitoral de Madri.Víctor Lerena (EFE)

Na noite deste domingo saberemos a decisão dos espanhóis a respeito da representação que a cada um dos operadores políticos caberá no Congresso dos Deputados. Não há tanta certeza que o final da contagem de votos deixe igualmente claro como será formado o futuro Governo da Espanha. O número de atores políticos que aspiram a chegar ao poder faz prever um período de longas negociações com esse objetivo.

As urnas verterão uma primeira incógnita: saber se algum dos partidos se destaca o suficiente para se atribuir uma clara vitória e se as novas opções conseguem, como indicaram as pesquisas, uma representação importante. As emergentes não têm nada a perder nas urnas. Todo o apoio que obtiverem será positivo para elas, dado que são novas no mercado; já PP, PSOE, IU, UPyD e os partidos nacionalistas e independentistas ficarão sujeitos, naturalmente, à comparação com os resultados do passado.

Mais informações
Tudo sobre as eleições gerais na Espanha
Eleições gerais colocam frente a frente a velha e a nova Espanha
Acordos são incógnita no fim da campanha eleitoral espanhola

É claro que a força mais votada terá mais chances que qualquer outra de tentar a formação de um Governo, em especial se ficar claramente distante da formação situada no segundo lugar. Mas não se pode negar aos partidos o direito de explorar combinações diferentes. Nos sistemas de representação proporcional que vigoram na maioria da Europa, a tarefa de formar o Governo é confiada a quem tem condições de reunir maioria parlamentar suficiente, e não é automático que isso seja feito pelo mais votado.

O que dá um ar inaugural às eleições gerais deste domingo é a disputa entre mais de dois partidos com possibilidades teóricas de poder. Nunca houve votação de âmbito nacional, desde a Transição [entre o fim da ditadura de Francisco Franco, em 1975, e a Constituição de 1978], em que até quatro forças distintas disputassem esses espaço. Parece superada a divisão em blocos, entre a centro-direita (primeiro sob a UCD, depois, PP) e os socialistas. Do encontro deste domingo com as urnas sairão Casas Legislativas mais fragmentadas que as anteriores, e isso exigirá mudança considerável na cultura política da Espanha.

Disso não se pode inferir que o futuro Governo esteja fadado a se apoiar em maiorias frágeis, e sim que será trabalhoso formar o quórum de deputados necessário não apenas para a investidura do presidente, mas também para sustentá-lo em outras situações parlamentares. Muitas pessoas gostariam de ter sabido de antemão as intenções de cada partido a respeito da política de pactos, como um elemento adicional de sua tomada de decisão. Mas as forças em campanha omitiram essa informação. Somente o que foi minimamente esclarecido é que o PSOE não apoiará o atual presidente de Governo, Mariano Rajoy, o Podemos desconfia dos socialistas caso esses o superem em votos, e o Cidadãos propõe aplicar critério semelhante ao utilizado nas comunidades autônomas: deixar os mais votados governarem e não apoiar o Podemos de forma nenhuma.

Além do que surgir da contagem de votos, tudo dependerá depois da habilidade e da moderação dos diferentes protagonistas políticos.

Para apoiar uma gestão sensata dos resultados também é importante a mobilização dos cidadãos às urnas. O primeiro objetivo dos eleitores consiste em selecionar uma opção entre as apresentadas, mas não se trata de utilizar os resultados eleitorais como forma de dividir o caminho rumo ao futuro, e sim de votar com a vontade de dar lugar na Espanha a uma cultura política mais construtiva.

Depois de um ano cheio de convocatórias eleitorais, os espanhóis estão de novo com a palavra.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_