Desserviço à Argentina
Cristina Kirchner prejudica o país e complica ainda mais os desafios de Macri
O kirchnerismo e sua líder, a agora ex-presidenta Cristina Kirchner, declararam guerra a seu sucessor, o liberal Mauricio Macri, desde o primeiro dia de seu mandato. É assim que deve ser entendido o boicote desta quinta-feira à transferência democrática de poder, em que ordenou a seus fiéis que não comparecessem à cerimônia de posse presidencial no Congresso e se recusando a entregar a Macri, como manda a tradição, a faixa presidencial na Casa Rosada.
O ato de hostilidade, inédito na história argentina, não é apenas um caprichoso desprezo de mau perdedor às regras do jogo democrático, essenciais para a convivência pacífica de uma sociedade, mas também agrava a divisão política da Argentina e prejudica a imagem no exterior da nação latino-americana no momento em que mais precisa de apoio internacional.
O gesto de Cristina indica uma oposição frontal ao novo Governo e uma tensão desnecessária para o desenvolvimento democrático da Argentina. Assim, só resta esperar que das próprias fileiras do peronismo surja uma ala responsável e madura capaz de exercer uma oposição construtiva para o bem de todos os argentinos e com o devido respeito que merecem os cidadãos que escolheram livremente pela mudança.
Um final ruim para a ex-presidenta, por maior que fosse a despedida, e um desnecessário mau começo para seu sucessor, que terá de apresentar extraordinária inteligência e habilidade política para pilotar a Argentina em seu novo rumo. Além de lutar contra a pobreza e o tráfico de drogas — prioridades apontadas nesta quinta pelo presidente — os males da economia precisam de remédios urgentes e requerem paciência e um consenso sobre os objetivos. O primeiro de todos é suspender o controle cambial para ajustar o real valor do peso; depois, controlar a inflação, já superior a 28%; em seguida, atrair investimentos estrangeiros que permitam aumentar as sofríveis reservas internacionais, e, finalmente, acabar com os excessos do protecionismo kirchnerista.
Macri chega ao poder com uma Argentina "cansada de enfrentamentos inúteis", como disse nesta quinta, e que deseja uma mudança tranquila. As expectativas são altas; cumpri-las exigirá unidade e respeito à transparência e às regras democráticas. Que não as defraude o rancor, a prepotência, a corrupção e outros vícios da velha política.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.