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Cerco ao jihadismo

França é o catalisador na luta contra o Estado Islâmico

François Hollande e outros membros do Governo assistem à homenagem oficial às vítimas dos atentados jihadistas de Paris no pátio de armas do palácio dos Inválidos.PHILIPPE WOJAZER (EFE)

François Hollande, um líder francês e europeu à altura do desafio que enfrenta, está colhendo resultados significativos quase diariamente em seu esforço para organizar uma coalizão internacional contra o Estado Islâmico. O objetivo é claro e concreto, como ele disse nesta sexta-feira na cerimônia de homenagem às vítimas do atentado de duas semanas atrás: destruí-lo.

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O apoio mostrado por Barack Obama, Angela Merkel, David Cameron e Matteo Renzi, entre outros no Ocidente, assim como a sintonia com a Rússia de Putin, têm uma força inegável para muitos países que estão se juntando a essa coalizão, seja como expressão de suas convicções ou por um pragmatismo que os leva a não ficar fora do compromisso mais importante da comunidade internacional até agora contra essa ameaça global. Um impulso que vai além das declarações, como demonstraram o britânico Cameron e a alemã Merkel; o primeiro propôs ao parlamento autorizar o bombardeio das posições do Estado Islâmico na Síria, enquanto a segunda anunciou sua disposição para enviar aviões e navios para colaborar com as tropas francesas.

A França se colocou à frente de uma empresa que recusa os vagos argumentos que se refugiam no “que alguém faça algo”. Esse alguém não é um, mas muitos, e de maneira ativa. Todos os países são obrigados a realizar um exercício não apenas de solidariedade com a França, mas também — e fundamentalmente — de autodefesa. Não se trata de esperar que Paris proponha e dê detalhes, mas de tomar a iniciativa e assumir responsabilidades realistas e proporcionais, como já estão fazendo muitas democracias ocidentais.

Nessa luta global contra o jihadismo é necessário não perder de vista um ponto fundamental ao qual Hollande também se referiu nesta sexta, quando disse que “a França continuará sendo a França”. No confronto entre democracia e barbárie, a primeira não pode se tornar uma vítima e perder sua natureza. Trata-se de defender um modo de vida que respeita a liberdade individual de acreditar, opinar e agir de maneira pública e independente de acordo com o critério de cada um. Um modelo que proporcionou as maiores margens de liberdade e de bem-estar da história da humanidade. É um desafio que vai muito além do aspecto puramente militar.

Esse compromisso não poupa ninguém. Por isso é muito importante que sete partidos políticos espanhóis tenham aderido ao pacto antijihadista assinado pelo PP e pelo PSOE em fevereiro. A unidade em todos os níveis é o primeiro passo para que o combate contra o Estado Islâmico tenha possibilidades de sucesso. A presença do Podemos como mero observador na cerimônia de assinatura — uma atitude positiva — mostra ao mesmo tempo um distanciamento que uma força que pretende governar a Espanha não deveria se permitir. Da mesma forma, um momento tão importante mereceria a presença do presidente do Governo e do líder do PSOE. Se não há nada mais importante do que a unidade, é preciso saber transmitir isso à sociedade.

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