_
_
_
_
Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Contar com a Turquia

A União Europeia acerta ao recorrer a Ancara para resolver a crise dos refugiados

Angela Merkel, David Cameron e François Hollande em encontro celebrado durante a cúpula de Bruxelas.
Angela Merkel, David Cameron e François Hollande em encontro celebrado durante a cúpula de Bruxelas.YVES HERMAN (REUTERS)

A decisão da UE de contar com a Turquia para enfrentar o problema das dezenas de milhares de pessoas que estão chegando do Oriente Médio à Europa é uma estratégia acertada que também ajuda a enfrentar outras questões importantes relacionadas com a segurança da Europa.

Mais informações
União Europeia pede para Turquia conter a onda de refugiados
A negociação com as máfias: “Quero ver o traficante”
UE envia o primeiro grupo de refugiados de Roma à Suécia
UE fecha acordo para intensificar a deportação de imigrantes ilegais

Os chefes de Estado e de Governo da UE reunidos em Bruxelas escolheram uma opção eficaz ao acordar uma ajuda financeira –cujo montante exato ainda será determinado– a Ancara para que a Turquia possa assumir a presença em seu território dos refugiados que lá chegaram e dissuadi-los de avançar em direção ao continente. Experiências anteriores de sucesso, como a ajuda financeira que a Espanha continua prestando ao Senegal, demonstram a validade de tais políticas na hora de combater os fluxos de imigração irregular.

Devemos louvar o fato de que a chanceler alemã Angela Merkel tenha indicado o caminho e aberto a porta para um orçamento mais que considerável de 3 bilhões de euros (cerca de 13,4 bilhões de reais) para a Turquia, contra as vozes que propunham um montante seis vezes menor. A Europa vive uma crise sem precedentes desde o fim da Segunda Guerra Mundial e embarcar em uma discussão estéril sobre a quantia só agravaria a situação. Além disso, Merkel, uma vez mais no papel oficioso da principal representante da política da União Europeia, viajará na segunda-feira a Ancara para discutir o assunto com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

Também é conveniente ressaltar que a Turquia jogou bem suas cartas e aproveitou a necessidade da União para colocar sobre a mesa duas velhas questões: a liberalização de vistos para permitir que seus cidadãos se desloquem no espaço Schengen e a reativação do processo de integração na UE, quase enterrado depois das atitudes autoritárias de Erdogan nos últimos anos. Trata-se de dois assuntos que voltam a colocar Bruxelas frente à pergunta sobre o tipo de relação pretende ter com Ancara e até onde deseja chegar. E a Turquia merece uma resposta.

O importante é que com essa proposta a Europa dá finalmente um passo que vai além das medidas de emergência de curto prazo. A crise dos refugiados não reside apenas em ter em conta aqueles que já chegaram à Europa, mas aqueles que estão a caminho. Contar com a Turquia como parceira nessa empreitada é um passo lógico que ajudará a evitar tragédias como as que acontecem quase diariamente em vários pontos do trajeto.

Além disso, o plano europeu pode servir para canalizar a relação com a Turquia, que se rarefez consideravelmente nos últimos anos, em grande parte devido ao desacordo existente entre as aspirações turcas de aderir à UE e as reticências europeias. A Turquia realizará eleições legislativas no dia 1º de novembro e sua estabilidade está ameaçada pelo terrorismo, como mostrou o sangrento atentado que aconteceu há uma semana. A colaboração com Ancara é importante para questões que vão muito além da atual crise. Trata-se de um país fundamental para a segurança da Europa e é bom que os líderes da UE tenham sabido interpretá-lo assim.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_