Os paradoxos do déficit
Bruxelas descobre tarde que a Espanha não cumpriu as metas de ajustes
A decisão do Governo espanhol de apressar a aprovação do Orçamento do Estado para 2016 acarretou consequências que a equipe econômica tinha a obrigação de prever. Uma delas, que agora se transformou em um problema relativo, é que a Comissão Europeia, depois de uma embaraçosa entrada e saída de documentos, desconfie que a Espanha cumprirá a meta de redução do déficit, fixada em 2,8% do PIB no próximo ano. Bruxelas diz o óbvio, que a Espanha não cumprirá a meta deste ano (a estimativa europeia situa o déficit em 4,5% do PIB) nem a do próximo (3,5%). Por isso, apela a que sejam feitos os “ajustes necessários” na tramitação final das contas públicas e pede uma revisão do plano quando o novo governo tiver sido formado.
A situação é paradoxal. Não é segredo que o Governo não cumpriu a meta de déficit nos últimos três anos e no quarto tampouco o fará. A maquiagem das contas era e é evidente (basta observar os descomunais aumentos de receitas que foram contabilizados no fim de cada ano e o aumento da dívida pública), mas a Comissão finge que não sabia de nada. O fato é que o país que mais cresce na Europa (cerca de 3,3% neste ano, embora com taxas trimestrais em desaceleração) e modelo de reformas o faz apesar de descumprir os compromissos de déficit, prova evidente de que as condições de estabilidade dependem mais da vontade europeia em apoiar o euro que de um ajuste orçamentário.
O que não se cuidou desde Bruxelas em três anos tem agora escassa solução ou pouca margem de correção. O mais sensato no momento é que o próximo Governo revise o orçamento elaborado de maneira tão apressada para o próximo ano e negocie em Bruxelas outras condições de estabilidade que impliquem em mais disponibilidade de gasto social e investimentos.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.