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Com Oculus, Mark Zuckerberg quer levar a realidade virtual para as massas

Mark Zuckerberg aposta nessa plataforma como o futuro do Facebook

Brendan Iribe, cofundador e CEO da Oculus VR.
Brendan Iribe, cofundador e CEO da Oculus VR.Eric Risberg (AP)

A compra mais surpreendente de Mark Zuckerberg não foi o WhatsApp, nem o Instagram. Afinal, eram duas aplicações com um grande crescimento e se encaixam em sua estratégia de atrair outros clientes e conquistar o celular. Por isso agora ele domina os programas mais baixados tanto do iPhone quanto do Android.

Quando o fundador do Facebook pegou o talão de cheques e comprou a Oculus VR, a empresa que lançou seus primeiros óculos de realidade virtual como um projeto do Kickstarter, por 1,62 bilhões de dólares (6,56 bilhões de reais) foi uma jogada difícil de justificar. Um ano e meio depois, a Oculus lotou o Teatro Dolby, o mesmo lugar onde é a realizada a premiação do Oscar, para apresentar suas inovações em, assim como fazem as grandes empresas de tecnologia, uma conferência para desenvolvedores.

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Apenas 24 horas antes do início da conferência de desenvolvedores, o Facebook lançou uma novidade que foi uma declaração de intenções. A partir de agora irá permitir a publicação de vídeos de 360 graus na linha do tempo dos usuários. Existe uma maneira melhor para popularizar algo? A estreia foi um trailer de Star Wars. Viralidade assegurada.

Zuckerberg, que dá certa liberdade à Oculus, como manter sua sede em Los Angeles e Brendan Iribe, seu cofundador, como CEO, explicou por que parece tudo tão claro para ele: “Há uns anos experimentei Oculus e, embora já tivesse experimentado a realidade virtual, aquilo foi diferente. Eu não queria tirá-lo. É uma forma de se conectar com o futuro. A missão do Facebook é conectar o mundo de todas as formas possíveis. O mundo está mudando. Cada vez compartilhamos coisas de maneira mais rica. Depois do texto, das fotos e do vídeo, a realidade virtual será a próxima forma”. Zuckerberg conversou à distância com os desenvolvedores, deles depende o sucesso dessa nova forma de viver mundos imaginários: “Em pouco tempo, deixou de ser uma promessa e se tornou realidade. O Facebook está comprometido com essa criatividade. Obrigado por fazer parte desta viagem”. Com seu icônico uniforme de jeans desbotado e camiseta cinza, ele se despediu à sua maneira: “Vou voltar ao trabalho”.

A missão do Facebook é conectar o mundo de todas as formas possíveis. O mundo está mudando. Cada vez compartilhamos coisas de maneira mais rica. Depois do texto, das fotos e do vídeo, a realidade virtual será a próxima forma

Iribe pegou o testemunho para, deixando de lado a filosofia e as visões de conquista do planeta, mostrar as linhas mestras e as novidades. “Nos próximos meses, muitas pessoas vão sentir essa presença. Vão ver como o mundo real e o virtual se fundem. Estamos em um momento histórico. Isso acontece apenas uma vez por geração. Vamos fazer algo para inspirar e mudar a vida das pessoas, de milhões de pessoas. Estamos colocando as bases: a mecânica, a forma de narrar. O que fizermos hoje vai durar décadas. Vamos fazer algo incrível. Queremos que as pessoas possam viver o que quiserem, quando quiserem e onde quiserem”, declarou.

A realidade é que, apesar dos esforços da Sony com Morpheus e do Google com Cardboard, duas propostas completamente diferentes, de alta capacidade e de baixo custo respectivamente, Oculus Mobile é a ferramenta para chegar às massas. Há dois anos eles fizeram uma aliança com a Samsung para chegar a uma solução intermediária: uma carcaça interativa da Oculus e os celulares da empresa coreana como motor. Dois anos mais tarde, oferecem um modelo de 99 dólares, compatível com os celulares Samsung lançados em 2015, que chegará em novembro nos Estados Unidos e antes do Natal nos outros países.

Peter Koo, presidente da Samsung, considera isso apenas o primeiro passo: “Estamos fazendo uma grande aposta. Nossos telefones são a potência para essa realidade. Agora apresentamos um novo aparelho para transformá-lo em um produto para todos. Queremos que seja acessível para todo mundo”.

O mundo do videogame, um setor cada vez quente, é o terreno natural para essa nova narrativa. Sega, Bandai Namco e Midway são seus primeiros aliados. A Oculus Arcade será a zona de testes e download de jogos.

Twitch, a empresa de streaming de videogames propriedade da Amazon, vai transmitir partidas nesse formato, com chat de comentários. Será o mais parecido a ver um jogo em um estádio virtual. Os espectadores estarão, literalmente, dentro da partida de outros, observando seus movimentos e comentando entre si em tempo real.

Star Wars e Pulp Fiction são apenas a ponta de lança do que querem fazer no cinema. Netflix estreia hoje mesmo, também estará Hulu, 20th Century Fox. Claro, nenhum traço do YouTube, o maior site de vídeo on-line perde espaço neste campo.

Nate Mitchell, vice-presidente de produto, mostrou como serão os óculos, feitos por eles, de alta capacidade, que chegarão em 2016. Intel e Nvidia, os fabricantes dos chips mais potente serão os encarregados de dotar as unidades de capacidade para ganhar em definição e, com consequência, realismo. Asus, Dell e Alienware oferecerão computadores prontos para essa plataforma por menos de 1.000 dólares, um preço que agora sai pelo dobro para quem busca uma experiência gratificante. “A realidade virtual abre a porta a uma nova forma de narrar. Já ganhamos um Emmy nessa última edição”, comemorou Palmer Luckey, cofundador da Oculus.

Com maneiras e linguagem própria dos entusiastas dos videogames, que gostam de ser chamados de gamers, ele contou a sua história: “Quando estava na universidade, bem, o pouco tempo que fiquei, porque passava o dia com os videogames, pensei que a fronteira entre o mundo virtual e o real tinha que cair”. Esse foi o germe do que hoje é apresentado como a última fronteira para viver mundos remotos.

Já conseguimos que você tenha a sensação de estar em um lugar. Agora é preciso sentir, interagir

Antes do final chegou a vez do controle. O Oculus Touch, a ferramenta que permite aprofundar-se mais plenamente na experiência. “Já conseguimos que você tenha a sensação de estar em um lugar. Agora é preciso sentir, interagir”, afirmou Mitchell para apresentar o controle. Ajusta-se ao uso com uma mão. Ou um em cada mão. Serve como cursor dentro da realidade virtual, vai permitir pegar e mover objetos. Contar com essa base é chave para poder criar uma nova narrativa.

A realidade virtual da Oculus apresenta-se, por enquanto, como a melhor alternativa para o ainda inexistente teletransporte.

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