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Em sabatina, Collor provoca Janot, que o denunciou por receber propina

Senador, que já havia xingado Janot publicamente, disparou contra procurador no Senado

Gil Alessi
Collor durante sabatina de Janot, ao fundo.
Collor durante sabatina de Janot, ao fundo.Marcelo Camargo (Agência Brasil)

A sabatina do procurador-geral Rodrigo Janot no Senado, nesta quarta, era aguardada com expectativa, pois o candidato a ser reconduzido ao cargo estaria frente a frente com políticos acusados no processo da Lava Jato, encabeçado por ele. E a maior dúvida era o nível do debate quando o senador Fernando Collor (PTB-AL) tivesse a chance de questionar Janot. Depois de ter chamado o procurador de “filho da puta”, “sujeitinho à toa” e “fascista” nas últimas semanas, o ex-presidente da República, denunciado pelo MPF ao Supremo Tribunal Federal por suposto recebimento de 26 milhões de reais em propina entre 2010 e 2014, Collor tratou de constranger o seu acusador. O senador foi o primeiro a chegar à sabatina, e sentou-se na primeira fila, em frente ao procurador. Durante seus questionamentos, Collor o acusou de ser um “vazador contumaz” e de “falsear acusações”. De acordo com o parlamentar, Janot teria ainda advogado contra a Petrobras na condição de membro do MPF — o que seria irregular —, e seria responsável por alugar uma mansão para a Procuradoria sem licitação.

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Janot rebateu uma a uma as acusações do senador, e chegou a se exaltar ao ser interrompido por Collor durante sua resposta: “Vossa excelência não me interrompa!”. O procurador negou ter divulgado a lista com os denunciados para a imprensa, e disse que tudo não passou de especulação, já que as matérias sobre o assunto tinham “nomes errados”. “Não se vaza nome errado”, afirmou. Em vários momentos, Collor ouvia a resposta do sabatinado com um riso irônico no rosto.

O senador, que durante sua campanha para a presidência foi chamado de “o caçador de marajás” pela imprensa, perguntou se Janot não estaria se colocando no papel de “um novo super-homem na história do país”. Janot negou que a Lava Jato faça “populismo midiático”: “o que tem sido chamado de espetacularização da Lava Jato nada mais é do que aplicação de princípios fundamentais da República, de que todos são iguais perante a lei”.

Em um dos momentos mais tensos, Collor acusou Janot de ter auxiliado um contraventor. O senador referia-se ao irmão do procurador, morto há cinco anos, que teria sido acusado de um crime na Bélgica. “Não participarei dessa exumação pública”, afirmou o sabatinado, que disse ainda não ter atuado no caso. “Não houve interferência minha no caso”, garantiu.

O procurador também negou que tenha atuado de forma irregular advogando contra a estatal. Segundo ele, a empresa defendida por ele foi adquirida por uma subsidiária da Petrobras após o fim do processo. “Minha atuação profissional é, foi e sempre será firme no combate à corrupção”, disse Janot. Quanto ao aluguel irregular de um imóvel para a PGR, o sabatinado afirmou que o contrato foi suspenso, e que a empresa responsável apresentou falsas plantas e documentos, e que atualmente responde na Justiça por isso.

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