Em sabatina, Collor provoca Janot, que o denunciou por receber propina
Senador, que já havia xingado Janot publicamente, disparou contra procurador no Senado
A sabatina do procurador-geral Rodrigo Janot no Senado, nesta quarta, era aguardada com expectativa, pois o candidato a ser reconduzido ao cargo estaria frente a frente com políticos acusados no processo da Lava Jato, encabeçado por ele. E a maior dúvida era o nível do debate quando o senador Fernando Collor (PTB-AL) tivesse a chance de questionar Janot. Depois de ter chamado o procurador de “filho da puta”, “sujeitinho à toa” e “fascista” nas últimas semanas, o ex-presidente da República, denunciado pelo MPF ao Supremo Tribunal Federal por suposto recebimento de 26 milhões de reais em propina entre 2010 e 2014, Collor tratou de constranger o seu acusador. O senador foi o primeiro a chegar à sabatina, e sentou-se na primeira fila, em frente ao procurador. Durante seus questionamentos, Collor o acusou de ser um “vazador contumaz” e de “falsear acusações”. De acordo com o parlamentar, Janot teria ainda advogado contra a Petrobras na condição de membro do MPF — o que seria irregular —, e seria responsável por alugar uma mansão para a Procuradoria sem licitação.
Janot rebateu uma a uma as acusações do senador, e chegou a se exaltar ao ser interrompido por Collor durante sua resposta: “Vossa excelência não me interrompa!”. O procurador negou ter divulgado a lista com os denunciados para a imprensa, e disse que tudo não passou de especulação, já que as matérias sobre o assunto tinham “nomes errados”. “Não se vaza nome errado”, afirmou. Em vários momentos, Collor ouvia a resposta do sabatinado com um riso irônico no rosto.
O senador, que durante sua campanha para a presidência foi chamado de “o caçador de marajás” pela imprensa, perguntou se Janot não estaria se colocando no papel de “um novo super-homem na história do país”. Janot negou que a Lava Jato faça “populismo midiático”: “o que tem sido chamado de espetacularização da Lava Jato nada mais é do que aplicação de princípios fundamentais da República, de que todos são iguais perante a lei”.
Em um dos momentos mais tensos, Collor acusou Janot de ter auxiliado um contraventor. O senador referia-se ao irmão do procurador, morto há cinco anos, que teria sido acusado de um crime na Bélgica. “Não participarei dessa exumação pública”, afirmou o sabatinado, que disse ainda não ter atuado no caso. “Não houve interferência minha no caso”, garantiu.
O procurador também negou que tenha atuado de forma irregular advogando contra a estatal. Segundo ele, a empresa defendida por ele foi adquirida por uma subsidiária da Petrobras após o fim do processo. “Minha atuação profissional é, foi e sempre será firme no combate à corrupção”, disse Janot. Quanto ao aluguel irregular de um imóvel para a PGR, o sabatinado afirmou que o contrato foi suspenso, e que a empresa responsável apresentou falsas plantas e documentos, e que atualmente responde na Justiça por isso.
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