Matar o projeto europeu
Ser um membro da zona do euro significa que os credores podem destruir a economia de um país caso este decida sair da linha
Suponhamos que você considere Tsipras um imbecil incompetente. Suponhamos que queira ver o Syriza fora do poder a todo custo. Suponhamos que, inclusive, veja com bons olhos a ideia de empurrar esses gregos irritantes fora do euro.
Mesmo se tudo isso fosse verdade, essa lista de exigências do Eurogrupo é uma loucura. A hashtag do Twitter #ThisIsACoup (Isto é Um Golpe) é exatamente correta. Isso vai além de pura vingança, da completa destruição da soberania nacional e de nenhuma esperança de alívio. Provavelmente, pretende ser uma oferta que a Grécia não possa aceitar; mas, ainda assim, é uma traição grotesca a tudo o que o projeto europeu deveria representar.
É possível puxar a Europa da beira do abismo? Comenta-se que Mario Draghi está tentando reintroduzir um pouco de sanidade, que Hollande está finalmente retrocedendo um pouco diante da economia com ares de lições de moral da Alemanha, a qual ele significativamente não conseguiu aplicar no passado. Mas grande parte do estrago já foi feito. Quem voltará a confiar nas boas intenções da Alemanha depois disso?
De certo modo, a economia quase se tornou algo secundário. Mas, ainda assim, sejamos claros: o que aprendemos nas últimas semanas é que ser um membro da zona do euro significa que os credores podem destruir a economia de um país caso este saia da linha. Isso não tem nada a ver com a economia subjacente da austeridade. É mais evidente do que nunca que impor duras medidas de austeridade e sem alívio da dívida é uma política condenada ao fracasso, não importa o quanto o país esteja disposto a aceitar o sofrimento. E isso, por sua vez, significa que mesmo uma capitulação completa da Grécia seria um beco sem saída.
A Grécia pode conseguir uma saída bem-sucedida? A Alemanha tentará bloquear uma recuperação? (Desculpe, mas esse é o tipo de coisa que devemos perguntar agora).
O projeto europeu (um projeto que sempre elogiei e apoiei) simplesmente sofreu um terrível golpe, talvez fatal. E independentemente do que você pense do Syriza, não foram os gregos os responsáveis por isso.
Paul Krugman é professor de Economia na Universidade de Princeton e Prêmio Nobel de Economia de 2008.
© 2015 The New York Times.
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