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Opinião
Texto em que o autor defende ideias e chega a conclusões basadas na sua interpretação dos fatos e dados ao seu dispor

Europa ganha

Foi um momento vergonhoso na história moderna e, caso prosperasse, abriria um precedente feio

Paul Krugman

Tsipras e Syriza conquistaram uma grande vitória no referendo, ganhando força para o que quer que venha depois. Mas não são os únicos ganhadores: diria que a Europa, e o conceito de Europa, conseguiram uma grande vitória e se esquivaram de um tiro.

Sei que a maioria não pensa igual. Mas pensemos assim: acabamos de ver a Grécia se levantar contra uma campanha de assédio e intimidação, uma tentativa de colocar medo nos gregos não apenas para que aceitassem as exigências dos credores, mas também para que desfizessem de seu Governo. Foi um momento vergonhoso na história moderna da Europa e, caso tivesse prosperado, teria aberto um precedente feio.

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Mas não prosperou. Não se tem que amar o Syriza ou achar que sabe o que faz –não está claro se sabe, apesar de a troika ter feito ainda pior— para acreditar que as instituições europeias acabaram de ser salvas de seus piores instintos. Se a Grécia tivesse sido forçada pelo medo às consequências financeiras, a Europa teria pecado de tal forma que mancharia sua reputação por gerações. Dentro de algum tempo possivelmente recordaremos disso como uma aberração.

E se a Grécia acabar saindo do euro? Nesse momento há, efetivamente, boas razões para o Grexit, mas, em todo caso, a democracia importa mais do que qualquer acordo monetário.

Paul Krugman é prêmio Nobel de Economia de 2008.

© The New York Times Company, 2015.

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