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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Nova política?

Os líderes das forças emergentes não podem atuar como os de sempre

Sem cair no exagero de classificá-las como uma espécie de secretismo ou de regresso a tempos obscuros, as reuniões realizadas esta semana entre os principais dirigentes políticos da Espanha terminaram com uma falta de transparência imprópria para a vontade de regeneração democrática. A atitude deles é injustificável porque não se trata de pessoas resolvendo assuntos de forma privada, mas dos dirigentes dos partidos mais votados em meio à negociação de pactos pós-eleitorais.

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O chefe de Governo insiste em sua tendência a explicar o menos possível, exceto quando recorre à artilharia pesada para acusar o socialista Pedro Sánchez de entregar o poder à extrema-esquerda, enquanto a vice-primeira-ministra insinua que o secretário geral do PSOE é um radical. Pedro Sánchez deve ter tido a ocasião de apreciar o quanto vale ficar em silêncio em relação ao conteúdo de seu encontro com o chefe do Executivo. Do Governo chega à opinião pública a ideia de que não houve acordo entre Rajoy e Sánchez, embora não se conheça exatamente em que pontos.

É preocupante já estarmos em 2015 e os dirigentes ainda não terem claro que a transparência faz parte da negociação. Isso não implica enfiar microfones ou câmeras nos escritórios ou restaurantes. Mas tampouco devem ser evitadas as imagens dos encontros – só foram feitas imagens de Sánchez com Rajoy; não há, lamentavelmente, as de Sánchez com Pablo Iglesias ou Albert Rivera — por cálculos sobre a reação das suas torcidas se vissem uns com os outros, nem nenhuma explicação sobre o que foi discutido. A atitude é parecida no caso dos símbolos da nova política, Iglesias e Rivera, tão evasivos e poucos transparentes como os partidos de sempre.

O perigo de que se instale a confusão é real, porque o tempo passa sem que se traduza em decisões a vontade dos eleitores expressa nas urnas em 24 de maio – o mesmo acontecendo com as eleições na Andaluzia em 22 de março. Um olhar mais profundo nos leva a encontrar as razões do vazio no efeito provocado pelas normas anexas em vigor. Legalmente é preciso passar três semanas entre as eleições e a constituição de prefeituras (mais, quando há recursos), e vários meses para os Governos das regiões autônomas em função do que diz cada estatuto, o que multiplica a interinidade dos organismos afetados e a incerteza do futuro pela inexistência de maiorias claras. Podemos acrescentar a isso as reuniões de líderes feitas de surpresa, das quais pouco se informa, aumentando os rumores e distanciando as certezas.

A desinformação nunca é boa para ninguém. Sobretudo, quando se pretende fortalecer a ideia de que as eleições sem maioria absoluta ou os governos em minoria conduzem à instabilidade.

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